Donald Trump voltou a trazer à mesa de negociações assuntos femininos como a saúde materna, mas… voltou a fazê-lo apenas rodeado de homens. Nem uma mulher esteve presente na reunião onde se discutiram alterações ao controverso projeto que deverá substituir o Affordable Care Act, e onde estão incluídas medidas relativas à maternidade.
Uma delas vem estabelecer que as companhias de seguros não devem ser obrigadas a oferecer cuidados maternos em todos os planos de saúde, contrariando o que está atualmente definido no conhecido plano Obamacare, proposto por Barack Obama e aprovado em 2010.
A reunião do grupo congressista republicano e conservador House Freedom Caucus, decorreu na quinta-feira, 23 de março, e as imagens do encontro foram partilhadas pelo vice-presidente Mike Pence, na sua conta de Twitter.
Esta já não é a primeira vez que o milionário e chefe de Estado tomada decisões relativas à saúde das mulheres, sem contar com elas e exibindo isso mesmo em imagens divulgadas para o público.
Passavam três dias sobre a chegada de Trump à Casa Branca quando o presidente – tomando uma medida que todos os chefes de Estado republicanos fizeram desde os anos 80 – reaprovou o Mexico City Policy, uma medida segundo a qual são suprimidos fundos monetários federais para grupos internacionais que apoiam as práticas abortivas e promovem o planeamento familiar.
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A derrota de Trump face ao Obamacare
O plano de saúde definido e apresentado por Trump viu a votação adiada, o que constitui – após parte dos tribunais terem recusado fazer aplicar as medidas anti-imigração – mais uma derrota do recém-eleito e polémico presidente dos Estados Unidos da América.
Na sexta-feira, após uma dilatação do prazo que chegava do dia anterior, a proposta foi anulada. A maioria republicana com assento na Câmara dos Representantes não conseguiu fazer aprovar o diploma.
“Estivemos muito perto, mas não conseguimos consenso. Razão pela qual considerei mais sábio não votar e retirar o texto, para refletir na próxima etapa. Foi uma derrota, claramente”, afirmou o presidente daquela assembleia, Paul Ryan, admitindo “a deceção” e a “surpresa”.
Já na quinta-feira, após este encontro integralmente masculino, Trump tinha usado o Twitter para, de forma pouco esperada, criticar o resultado da primeira negociação, onde não tinha havido acordo.
Dizia o chefe de Estado que, caso o grupo não votasse a favor do plano de saúde que ele estava a propor, estaria claramente a viabilizar a continuidade do Planned Parenthood, estrutura para o planeamento familiar norte-americana que tem sido alvo de cortes por parte desta administração.
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Imagem de destaque: Twitter/Mike Pwnce