Turnos, noites e trabalho físico exigente comprometem fertilidade

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Um trabalho fisicamente exigente ou por turnos, à noite, pode diminuir a qualidade dos óvulos e estar associado à redução da fertilidade feminina, segundo um estudo divulgado na publicação científica Occupational & Environmental Medicine.

Investigadores da Escola de Saúde Pública T.H. Chan, nos Estados Unidos, direcionaram o seu estudo para a ‘reserva ovariana’ (quantidade de óvulos que os ovários ainda armazenam) em 473 mulheres que frequentavam uma clínica de fertilidade.

Nesta investigação, as mulheres foram questionadas sobre o nível de esforço físico necessário para executarem o seu trabalho, as horas e o regime de trabalho e o tempo que dedicavam a atividades de lazer.


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Ao todo, quatro em cada dez mulheres responderam que o seu trabalho requeria que movimentassem ou levantassem objetos pesados com regularidade, com uma em cada quatro a afirmar que as tarefas eram moderadas ou muito exigentes em termos físicos.

No inquérito, nove em cada dez mulheres trabalhavam nas horas normais de expediente.

Segundo os investigadores, as mulheres com trabalhos fisicamente exigentes tiveram uma menor reserva de óvulos, sendo que nas mulheres com um ciclo de fertilização ‘in vitro’ completo o número de óvulos maduros caiu quase 14,5 por cento.

As que trabalhavam por turnos, à noite, e que tinham excesso de peso, a par de um emprego duro, também possuíam, em média, menos óvulos maduros.

A equipa analisou também a ‘resposta ovariana’ (o número de óvulos maduros capazes de desenvolver um embrião saudável) em 313 mulheres que completaram pelo menos um ciclo de fertilização ‘in vitro’ em dezembro de 2015.


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As mulheres estudadas tinham, em média, 23 de índice de massa corporal (peso normal) e 35 anos de idade, e faziam parte de uma investigação, em curso, que se debruça sobre os fatores ambientais e alimentares que podem afetar a fertilidade

Os autores advertem que o estudo, baseado em observações, não permite estabelecer uma relação direta causa-efeito, para a redução da fertilidade feminina, e os seus resultados não podem ser generalizados a mulheres que tentam engravidar naturalmente.

Contudo, sugerem: a “qualidade inferior dos ovócitos pode mediar a relação entre a elevada frequência com que são movimentadas ou levantadas cargas pesadas no trabalho e a fecundidade reduzida”.

Na investigação não foram abordados fatores como a alternância de turnos, entre dia e noite, e o excesso de carga horária.

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