Ucrânia: “Têm sido detetados indícios de suspeita” de tráfico humano em Portugal

Ukrainian refugees arrive in Prague
[Fotografia EPA/MARTIN DIVISEK]

“Começamos a perceber que há alguns sinais que indiciam que há aumento de situações menos claras na organização destas transferências” de ucranianos que fogem à guerra e que vêm para a Europa.

A informação é avançada pela alta comissária para as Migrações à Renascença, Sónia Pereira, que confirma ainda que “têm sido detetados por nós alguns indícios de suspeita”. Elementos que, prossegue, “são depois reportados às autoridades”.

De entre os sinais mais comuns, a responsável especifica a existência de “referências de terem [ucranianos] pago determinados valores para organizar a viagem” ou a mesma estar a ser feita por “alguém que tem um registo criminal” nesta matéria.

“Estamos atentos para poder sinalizar as autoridades competentes. (…) Qualquer indício que aponte, não queremos correr riscos em situações menos claras e sinalizamos”, referiu em entrevista à rádio.

A ministra da Administração Interna Francisca Van Dunem referiu, na semana passada, que a maioria dos casos de tráfico de seres humanos sinalizados em Portugal são para exploração laboral e homens. Em relação ao tráfico para exploração sexual, a governante disse que são poucos os casos detetados sendo sobretudo de mulheres oriundas da Europa central e oriental não membros da União Europeia. Realçou, ainda, que não se pode “descurar a possibilidade das redes criminosas” trazerem para Portugal pessoas dando a ideia que vêm para um destino normal, mas acabam por colocá-las” noutras situações, como prostituição

Portugal mantêm-se, à semelhança de anos anteriores, como país essencialmente de destino para vítimas de tráfico de seres humanos, existindo “poucos casos” em que é o país de origem, acrescentou Van Dunem.

Neste momento e a propósito do movimento migratório massivo da Ucrânia – sobretudo composto de mulheres e crianças – e em fuga da guerra, Portugal está a fazer controlos fronteiriços móveis aleatórios e ultima um guia de prevenção contra o tráfico de pessoas que fogem da guerra.