Um ano de covid-19: 21 mulheres morreram por dia e 1207 foram infetadas

pexels-cottonbro-3952199

A 2 de março de 2020 chegavam a Portugal as primeiras duas confirmações de casos de contágio por covid-19. Eram dois homens: um médico de 60 anos regressado do Norte de Itália e um outro de 33 que tinha vindo de Valência, em Espanha, e que aguardava confirmação.

Um ano de pandemia que fica marcado pelo maior número de mulheres infetadas do que homens, mas com mais perdas de vida a lamentar por parte do sexo masculino do que do feminino.

Segundo os dados compilados pela Direção-Geral de Saúde, foram 7800 as mortes de mulheres ao longo de 2020 e início de 2021, o que resulta numa média de 21 perdas de vida por dia. No caso dos homens, o número é mais alto e sobre às 24 mortes diárias.

No que diz respeito a infeções por covid-19 e de acordo com as contas feitas, houve a registar 1207 novos casos de mulheres infetadas diariamente desde 2 de março de 2020, totalizando 440 mil 553 contaminações. Já nos homens, foram registados 998 novos casos diários, num total de mais de 364 mil.

Com a pandemia a registar taxas de mortalidade mais elevadas acima dos 70 anos, é também nesses intervalos etários que há mais mortes de mulheres a lamentar. Dos 70 aos 79 foram 1280 as pacientes do sexo feminino que morreram devido à covid-19, disparando para os quase seis mil óbitos (5876) para as que tinham 80 e mais anos.

Em novembro, a presidente da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG), Sandra Ribeiro, lembrava os efeitos da pandemia junto das mulheres e as razões para as mais altas taxas de contágio. “Não é por acaso que há mais mulheres infetadas do que homens. É natural, porque tem a ver com a sua exposição ao risco a que o trabalho de grande parte das mulheres obriga”, afirmou no âmbito de webinar “Pilar Europeu dos Direitos Sociais”, levado a cabo pelo Centro de Informação Europe Direct da região de Coimbra.

A responsável alertou ainda para a maior volatilidade em que grande parte das mulheres passou a viver com a pandemia.“Os empregos perdidos em consequência direta da pandemia são femininos, sobretudo na hotelaria, restauração, postos de trabalho já tradicionalmente mal pagos e caracterizados pela precariedade”, vincou Sandra Ribeiro.