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Uma amizade, horas de gravação e a cor das unhas. Como foi ser Monica Lewinsky

Beanie Feldstein na pele de Monica Lewinsky em 'American Horror Story' [Fotografia: Fox Life]

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A nova temporada da série de antologia American Crime Story, intitulada Impeachment, dramatiza o escândalo sexual que envolveu o antigo presidente dos Estados Unidos Bill Clinton pelos olhos de Monica Lewinsky e as outras mulheres envolvidas no processo. Um olhar que se estreia esta quinta-feira, 9 de dezembro, às 22:20 horas, com episódio duplo, na Fox Life Portugal.

Agora com 48 anos, Lewinsky trabalhou com os produtores e argumentistas para tornar a narrativa o mais verídica possível, tendo também colaborado com a atriz que a interpreta no pequeno ecrã, Beanie Feldstein.

“A Monica é uma mulher que não teve voz durante esta incrível sucessão de eventos”, afirmou a produtora executiva Nina Jacobson, num painel sobre a série. “Depois de ela ter sido silenciada e culturalmente banida durante vinte anos, tínhamos de lhe dar uma voz”.

A série explora a amizade entre Lewinsky e Linda Tripp (interpretada por Sarah Paulson), uma veterana do Pentágono que acabaria por gravar secretamente as suas conversas privadas e entregá-las ao procurador especial Ken Starr, que investigou o processo contra Bill Clinton.

Gravações e até a cor das unhas. Dez meses a ser Monica Lewinsky

Beanie Feldstein disse que a colaboração entre Monica Lewinsky e os argumentistas foi “íntima e intrincada”, o que lhe deu um certo nível de conforto na interpretação das cenas. “Ouvir as gravações foi emocionalmente muito pesado para mim”, revelou a atriz.

O episódio em que Lewinsky é apanhada pelos investigadores, disse, demorou 23 dias para filmar. “A verdade é mais estranha que a ficção no que toca a esse dia, o que a Monica passou”, descreveu. “É incomensurável que isto tenha acontecido”.

Feldstein, que ficou conhecida com o filme “Booksmart”, disse que se encontrou com Lewinsky antes da pandemia e desenvolveu uma relação de amizade com ela. “Ela foi incrivelmente generosa”, disse a atriz. “Eu via-me como a sua guarda-costas, queria protegê-la”, continuou.

Meticulosa com os detalhes, incluindo os tons de verniz que Lewinsky lhe disse que usava, Beanie Feldstein descreveu uma relação de confiança mútua, fulcral na representação de acontecimentos tão íntimos e consequentes para a vida de todos os envolvidos.

“O relacionamento central não é entre a Monica e o Bill, é entre a Monica e a Linda”, disse a atriz. “Estas mulheres confiam e desconfiam profundamente das pessoas erradas”. Sarah Paulson, que demorava três horas e 45 minutos para se caracterizar como Linda Tripp, recusou a ideia de que ela era uma pessoa intragável.

“Penso que as suas escolhas são questionáveis, mas não partilho a ideia de que ela era desagradável”, afirmou. “Sou incrivelmente protetora desta mulher que habitei durante os últimos dez meses“.

“Estava pré-estabelecido que Clinton ia ser absolvido, tal como Trump”

Acusado de cometer perjúrio quando disse ao congresso norte-americano que não tinha tido relações sexuais com Lewinsky, uma jovem que começara como estagiária da Casa Branca em 1995, Clinton sobreviveu à tentativa de destituição. Na série, é interpretado por Clive Owen.

“Estava pré-estabelecido que Clinton ia ser absolvido, tal como Trump”, disse Brad Simpson, produtor executivo. American Crime Story: Impeachment foi inspirada no livro de Jeffrey Tobin A Vast Conspiracy e na autobiografia de Monica Lewinsky, principal consultora da temporada, tendo usado também os testemunhos sob juramento.

A versão da Monica que a cultura de 1998 criou não tem reflexo na pessoa da vida real”, salientou Sarah Burgess, produtora executiva e principal argumentista da série. A outra mulher central na narrativa desta temporada é Paula Jones, interpretada por Annaleigh Ashford, que acusou o então presidente Bill Clinton de assédio sexual.

“São mulheres que existem nos corredores do poder e não estão no lugar do condutor”, disse Nina Jacobson. “Estão encurraladas na sua proximidade ao poder”, continuou.

Lusa