Uma loja Ikea à medida dos algarvios (e não só)

Faltava na cadeia das lojas Ikea uma ao sul. Depois das de Lisboa, Matosinhos e Braga, nada havia para lá do Tejo. Desde dia 30 que todo o país pode usufruir do que a marca orgulhosamente chama “design democrático”, com a abertura da nova loja de Loulé.

E não só todo o país: muitos espanhóis agradecerão esta grande superfície (grande mesmo, já vamos a números), visto que para lá da fronteira os Ikea mais perto estão em Sevilha e Jerez.

Os responsáveis da marca têm isto bem presente; aquando da apresentação à imprensa, no dia anterior à grande abertura, estavam a ser feitos os testes de segurança e depois de cada ‘atenção, atenção!’, a gravação começava com ‘atención, atención!’.

Não são com certeza apenas os nuestros hermanos que estão debaixo do interesse que a nova loja de Loulé quer cativar; não esqueçamos que a maior parte dos consumidores algarvios com verba disponível para gastar na decoração da casa é residente expatriado, e tal não foi esquecido. Todas as placas informativas são bilingues, e mesmo o layout da loja e respetiva decoração teve em conta um público com mais dinheiro e espaço: é a primeira vez que um dos espaços propostos apresentados é uma ‘cozinha de charme’, grande, branca, com saleta e lareira incorporadas, onde se imagina facilmente Delia Smith ou Martha Stewart entrando vindas da copa e carregando uma torre de profiteroles. AA escolha dos trabalhadores de loja também reflete esta especificidade local: 95% dos 200 trabalhadores falam inglês.

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Este foi apenas um detalhe num todo muito mais complexo e abrangente que rodeou a abertura de Loulé. O Ikea levou a cabo estudos para dissecar ao pormenor o consumidor algarvio e chegou a várias conclusões que foram usadas para desenhar a loja e escolher a melhor forma de apresentar produtos e espaços: no Algarve 25% das pessoas vive sozinha, 33% em casal, e 42% em famílias de 3 ou mais pessoas; 73% tem casa própria e 78% não deixa as paredes nuas; 44% das casas têm varandas e 21% terraços.

A média da área das casas algarvias é superior à nacional, 106,68m2 contra os 90m2 do Portugal geral, e 81% das famílias algarvias janta numa mesa com mais de um metro de comprimento, enquanto apenas 62% dos outros portugueses investem numa mesa deste tamanho.

Porque é o Algarve – para onde rumam milhões de turistas –, boa parte dos espaços propostos foi dedicada ao espírito hoteleiro; desde soluções de foyer até à rentabilização espacial, como sofás-cama e uso de pequenos espaços para arrumação.

Pela mesma razão, a maior parte dos espaços propostos apresenta soluções a pensar na vida lá fora, no pátio, na varanda ou no terraço, tanto no mobiliário como nos acessórios.

Outras especificidades das casas algarvias também foram tidas em conta e fazem dos espaços da loja de Loulé tipologias que não encontramos noutras lojas, como o uso de lareiras ou escadas para um hipotético 1º andar.

Outra novidade apresentada nestes espaços é o simulacro de quatro paredes, como existe, na realidade, em todas as nossas casas. O espaço deixa assim de ter o aspeto de montra para passar a apresentar-se mais familiar e doméstico.

Da visita trazemos ainda a certeza que a loja de Loulé tem o melhor espaço de restaurante e lounge, quando comparada com todas as outras, que já conhecemos. Enorme e dividido em interior e exterior (afinal é o Algarve) por uma parede de vidro, mostra o melhor papel de parede que a região naturalmente oferece: a vasta colina ocre pontilhada a verde oliva, pincelada no topo pelo mesmo azul que faz com que todos nós queiramos viver lá.