Uma lufada de ar fresco chamada Jacinda

Quando se tornou líder do Labour, Jacinda Ardern foi notícia em todo o mundo por recusar responder à pergunta de um jornalista sobre se estava a pensar ter filhos. Jacinda tem 37 anos e acaba de se tornar primeira-ministra da Nova Zelândia, 26 dias depois de o seu partido trabalhista ter ficado em segundo lugar nas eleições, atrás do Partido Nacional do primeiro-ministro Bill English, e após chegar a um acordo de coligação – uma espécie de geringonça neo-zelandesa.

Nascida a 6 de julho de 1980, Jacinda tem apenas mais quatro meses do que eu. E tal como muitas mulheres da nossa geração – quer sejam ou não mães – acha “inaceitável” que a maternidade seja uma questão na sua vida profissional. Afinal esta antiga investigadora no gabinete da primeira-ministra neo-zelandesa Helen Clarke, que mais tarde trabalhou para o chefe do governo britânico Tony Blair, não pode deixar que ser mulher a defina como política. E tem agora oportunidade de provar o que vale.

Criada numa família mórmon, deixou a sua fé por discordar da posição da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias em relação ao casamento entre homossexuais. Mas até hoje não bebe café. Jacinda entrou na política aos 17 anos e em 2008 foi eleita deputada pelo Labour.

Jovem e dinâmica, em agosto passado tornou-se líder da oposição e a Jacindamania confirmou-se com o bom resultado nas eleições de setembro. Progressista, republicana e feminista, Jacinda quer um debate sobre a continuação da rainha Isabel II como chefe do Estado da Nova Zelândia. Defensora do casamento gay e do direito ao aborto, é, no entanto, a favor da redução do número de imigrantes recebidos pelo país.

Mas concorde-se ou não com as suas ideias, esta mulher agnóstica, que vive em Auckland com o parceiro, o apresentador de TV Clarke Gayford, e o gato de ambos, é sem duvida uma lufada de ar fresco num cenário político internacional cada vez mais masculino.

Mulheres, árabes e sauditas. A 100%?