‘Vabbing’. A tendência do TikTok para a sedução que não está autorizada na Europa

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[Fotografia: Cotonbro/Pexels]

O anglicismo vabbing resulta da fusão das palavras vagina e ‘dabbing’, aqui livremente compreendido como gotas. E tal como o significado indica, a prática passa por usar gotas de secreções vaginais como se fossem perfume, com propriedades alegadamente de sedução. Ora, esta é uma tendência que ganhou renovado fôlego no TikTok.

Nela, tem vindo a ser divulgada, desde junho, a ideia da TikToker Mandy Lee de que tal gesto faria aumentar o sucesso em atrair o sexo oposto. E se neste caso o uso promovido destas secreções é apenas pessoal, são desconhecidos riscos ou benefícios desta prática.

Contudo, uma coisa é certa, a inclusão de quaisquer produtos de origem humana em soluções cosméticas não são permitidas na Europa. As garantias são dadas ao Delas.pt pela Associação de Industriais de Cosmética, Perfumaria e Higiene Corporal (AIC).

Sem querer comentar a tendência da rede social que tem gerado contestação, a entidade enquadra malefícios, vantagens e até balizas legais para uma prática insólita. “Aproveitamos para esclarecer que, nos termos do enquadramento legal que é aplicável aos produtos cosméticos a União Europeia, no qual se incluem os perfumes, não são permitidos na sua composição ingredientes que tenham propriedades disruptoras endócrinas, nem qualquer produto de origem humana”, refere a entidade que representa e reúne o setor em Portugal, há 47 anos.

Sobre as alegadas vantagens científicas para a sedução, a AIC vinca “não ter conhecimento de qualquer investigação ou estudo clínico que tenham sido realizados com vista a gerar conhecimento técnico e científico, que permita avaliar e concluir relativamente aos riscos e aos benefícios deste hábito dito Vabbing”.

O termo foi cunhado pela primeira vez em 2019 e pela sexóloga Shan Boodram e no livro The Game of Desire (O Jogo do Desejo, em tradução literal), reiterando a ideia de que as feromonas encontradas nas secreções vaginais atrairiam o parceiro.

Mas serão as feromonas capazes de, por si só, conseguir o efeito da conquista? A AIC explica que não há provas científicas dos efeitos de técnicas como o vabbing, e não está sozinha nessa resposta.

“Não tenho certeza se é uma moda passageira, mas questiono seriamente a validade das alegações envolvidas”, afirma o professor do Instituto de Estudos de Família e Sexualidade e Departamento de Neurociências, da Universidade Católica de Lovaina, ao site Euronews.

Erick Janssen lembra que o olfato é decisivo na interação humana, fazendo com que as pessoas se sintam mais ou menos conectadas com determinados parceiros sexuais, mas distingue tal das feromonas.A literatura científica real sobre esta matéria é complexa”, afirma Janssen, explicando que, “em animais, foi claramente estabelecido que não só existem como afetam o comportamento sexual e reprodutivo e, possivelmente, a preferência e seleção de parceiros”. Porém, em humanos o caso muda de figura, havendo polémica sobre a possível produção e deteção.