Injeção anti-obesidade pode substituir a cirurgia bariátrica, mas ainda está sob investigação

Familia - Gordos - Verao
[Fotografia: DR/Arquivo Global Imagens]

Experiências feitas com ratos em laboratório indicam que a nova vacina, chamada GEP44, reduz o apetite e aumenta a queima de calorias. Constatou-se que os animais de laboratório obesos comeram até 80% menos do que normalmente, sendo que ao final de 16 dias, perderam uma média de 12% do seu peso.

Investigadores da medicina e da química norte-americanos apresentaram os resultados deste trabalho na quarta-feira, 29 de março, no encontro da primavera da Sociedade Americana de Química. Os mesmos pesquisadores garantiram que este novo tratamento que reclama pode vir a substituir a cirurgia bariátrica também evita os efeitos colaterais de náuseas e vómitos, que são provocados pelos medicamentos atuais para perda de peso e diabetes. Os ratos que ingeriram este medicamento aprovado para a perda de obesidade – a liraglutido – não revelaram sinais de enjoo.

Análises posteriores revelaram que a injeção GEP44 não só diminui o apetite como normaliza o açúcar no sangue e possibilita ainda um a maior gasto de energia e, consequentemente, um aumento da frequência cardíaca ou da temperatura corporal.

A injeção também impediu o desejo por opioides – analgésicos e sedativos que induzem sonolência – como o fentanil (medicamento que apresenta a mesma composição) em ratos.

Se também funcionar em humanos, pode ajudar a curar dependentes de drogas drogas ilícitas ou a evitar que tenham uma recaída. “Durante muito tempo, não pensámos que fosse possível separar a redução de peso de náuseas e vómitos, porque estão ligados exatamente à mesma parte do cérebro”, afirmou o principal autor do estudo, o médico e químico Robert Doyle. Os cientistas estão agora a planear testes em primatas.

Em Portugal, estima-se que quase três em cada dez pessoas (27,8%) vivam com obesidade. Somada esta percentagem a quem tem pré-obesiade, a prevalência sobe para 67,6%. Entre as crianças, praticamente um terço tem excesso de peso ou obesidade.

Atualmente, segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), 10% do orçamento total em saúde em Portugal é alocado ao tratamento de doenças relacionadas com o excesso de peso e obesidade, uma percentagem superior à média dos países da OCDE (8,4%), representando 3% do PIB nacional.

A nível internacional, a Federação Mundial de Obesidade estima que mais de metade da população mundial (51%), ou 4 mil milhões de pessoas, vai viver com excesso de peso ou obesidade em 2035 se a prevenção e o tratamento desta epidemia não forem priorizados.