Vai casar? Há uma nova terapia para ajudar os noivos a dar o grande passo

Respeitar e aceitar diferenças, gerir a ansiedade, comunicar e acima de tudo treinar a empatia.“É fundamental”, sublinha a psicóloga Catarina Lucas, quando elenca, numa entrevista ao Delas.pt, os desafios que os casais têm de ultrapassar no dia-a-dia, especialmente quando se preparam para casar. É com o objetivo de ajudar a trabalhar estes aspetos da relação para aqueles que se preparam para dar o nó que nasce a PsiNoivos, um projeto do Centro Catarina Lucas, vocacionado especificamente para casais em processo de casamento.

Com início em maio deste ano, o projeto já ajudou dois casais e duas noivas e conta com profissionais nas áreas da psicologia, terapia de casal, sexologia e psiquiatria, sob coordenação da psicóloga, diretora clínica do Centro Catarina Lucas.

O objetivo deste novo projeto é dar espaço ao casal para que possa falar sobre as dificuldades sentidas na fase pré-matrimónio e planear todo o processo de forma tranquila, promovendo o acompanhamento em casal ou individual, consoante as necessidades e os objetivos.

“Se for uma questão de gestão de ansiedade de uma das pessoas apenas, é mais útil fazer um acompanhamento individual. Caso se trate, por exemplo, de uma questão de comunicação, será mais benéfica uma intervenção de casal”, explica na entrevista.

Na mesma conversa, a psicóloga conta o que mais preocupa noivas e noivos antes de subirem ao altar, do stress com os preparativos da boda aos maiores erros que os casais cometem antes de casar e os fatores essenciais para um bom casamento.

Como surgiu a ideia de criar este projeto?
O Centro Catarina Lucas é um centro especializado nas várias áreas da psicologia, tendo por isso muita experiência nas diferentes fases e dilemas do desenvolvimento humano. Neste sentido, fomos notando a ansiedade, stress e divergências que muitas vezes o casamento provoca, quer seja ao casal quer seja a um dos elementos individualmente. Por isso, e uma vez que não existia em Portugal algo específico e direcionado a pessoas em fase de casamento, decidimos inovar e criar um serviço onde o foco seja exatamente o casamento e a sua vivência em equilíbrio e de uma forma saudável.

Por que é importante fazer terapia antes tipo de terapia antes de casar?
Não é nossa crença que esta seja uma obrigatoriedade, acreditamos sim que esta pode ajudar muitas vezes na gestão de tudo aquilo que o casamento envolve, desde os preparativos até à própria relação do casal. Concebemos o projeto de modo a que possamos atender pessoas individualmente ou em casal, pelo que, várias problemáticas podem ser abrangidas pelo serviço. Contudo, uma fase de noivado pautada por divergências, ansiedade, problemas de comunicação, sexuais ou outros, poderá representar um fator de mau prognóstico para este casamento, sendo útil trabalhar e resolver algumas questões o mais precocemente possível.

Qual é a diferença entre fazer este tipo de terapia antes do casamento e depois?
Este serviço pretende reduzir níveis de ansiedade associados ao próprio dia do casamento, dúvidas ou incertezas que possam estar presentes, promovendo a experiência do noivado e do dia de casamento como algo positivo e gratificante e não como algo stressante. Por isso, este tipo de intervenção só pode ser feita numa fase prévia. Paralelamente, quanto mais cedo se identificarem outras problemáticas, seja na relação de casal, seja até mesmo fatores individuais que possam interferir numa relação de casal saudável, melhor. Todas as problemáticas têm um melhor prognóstico quando detetadas precocemente, permitindo atuar de forma preventiva ao invés de remediativa.

Como se processa esta terapia pré-casamento?
Há duas modalidades: individual ou em casal, dependendo das necessidades. Se for uma questão de gestão de ansiedade de uma das pessoas apenas, é mais útil fazer um acompanhamento individual. Caso se trate, por exemplo, de uma questão de comunicação, será mais benéfica uma intervenção de casal. Depois da primeira sessão, o próprio profissional encaminhará a situação da melhor forma e, em conjunto, o plano é definido e ajustado.

Quais são as maiores questões, dúvidas colocadas pelos casais?
Gestão do tempo, do stress, divergências nas escolhas dos vários detalhes do casamento, decisões sobre os convidados, questões sobre a família alargada, vivência da sexualidade, entre outros.

Quais são as questões ou as maiores ansiedades apresentadas pelas noivas e quais as mais apresentadas pelos noivos? Há diferenças?
As noivas são muito preocupadas com os detalhes, os serviços a contratar, a escolha do melhor fornecedor entre os milhares disponíveis. Ressentem-se também do menor envolvimento da outra parte. Os noivos trazem muitas vezes como problema o nível de exigência do outro elemento ou as interferências familiares. Todavia, não há questões só de noivos ou só de noivas.

Quais são os maiores erros que os casais cometem antes de casar?
Apressar as coisas, tomar decisões só para agradar aos outros, não conversar sobre as necessidades de cada um, não discutir temas essenciais como filhos, gestão das finanças ou tipologia da relação. Erram ainda ao não ter um plano de vida conjunto ou quando avançam para o casamento apenas por pressão externa ou porque “é suposto”.

O que é que os casais podem aprender neste tipo de terapia?
Podem conhecer-se melhor um ao outro, treinar a empatia (que tantas vezes falta), treinar uma comunicação mais eficaz e assertiva, gerir o stress, gerir melhor o tempo, estabelecer prioridades, treinar a resolução de problemas, estar mais atento às necessidades do outro, fomentar a relação, compreender as dificuldades de “estar numa relação”, entre muitas outras coisas.

É possível/acontece o casal desistir de casar depois de fazer esta terapia? Chegar à conclusão que afinal não está preparado para este passo?
Pode acontecer, mas se assim for, até isso é positivo. Se o caminho não for por aí, seguir outro rumo é sempre melhor. Mais vale uma boa separação do que um mau casamento.

Se tivesse de apontar alguns fatores essenciais para um bom casamento quais seriam?
Empatia (é fundamental), valores fundamentais convergentes, partilha e respeito.

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