“Vai ser muito fácil para o Diogo Piçarra apaixonar o público espanhol”

Diogo Piçarra lançou, em janeiro deste ano, “A Dondé Vas”, um dueto ibérico com o músico espanhol Antonio José, vencedor do programa La Voz, a versão espanhola do The Voice. Gravaram duas versões da música. Numa, o português canta na sua língua materna. Na outra, canta em castelhano. Em poucos dias, a música tornou-se um sucesso nas rádios dos dois países. Agora, o espanhol de 24 anos vem cantar pela primeira vez em Portugal nos concertos da Tour Abrigo de Diogo.

Antonio José será convidado do vencedor da edição de 2012 do Ídolos nos três concertos agendados – e já esgotados – no Capitólio, em Lisboa, nos dias 12 e 13 de abril (dia 13 contará com duas sessões, uma às 16h30 e outra às 21h30). Nestes espetáculos, Diogo Piçarra abdica da habitual banda e bailarinos para presentear o público com um concerto acústico, que permite aos fãs interagirem mais com o artista (percorra a galeria de imagens no topo do texto para ver fotos de Diogo Piçarra e Antonio José. No final da entrevista tem as datas dos próximos concertos da Tour Abrigo).

Em Portugal nos últimos dias com Diogo Piçarra, o cantor espanhol falou-nos da grande amizade que tem com o português e da reação do público espanhol à sua música. Diogo, por sua vez, explicou-nos por que razão mudou o modelo de concerto a que já tinha habituado o público nos últimos anos e falou das várias parcerias que tem feito com artistas internacionais.

a carregar vídeo

Vocês têm um percurso muito semelhante. Ambos começaram as carreiras em programas de televisão. Quais foram os aspetos positivos e negativos de terem começado ligados a estes formatos?

António José (AJ) – Não há nenhum aspeto negativo. O La Voz (versão espanhola do The Voice) abriu-me as portas deste mundo, posicionou-me num momento da minha vida que pensava que nunca chegaria. Sempre sonhei em ser artista, ser músico, e este programa deu-me as armas de que precisava para sê-lo.

O António é apaixonado por futebol. Chegou a representar a seleção andaluza de futsal. Por que trocou o desporto pela música?

AJ – A música sempre esteve muito presente na minha vida desde muito pequeno, praticamente desde os 5 anos, apesar de o futebol ser a minha outra paixão. Sempre foi claro para mim que a música era o que queria verdadeiramente para a minha vida. Consegui concretizar esse sonho e estou muito feliz por tudo o que a música me dá.

O Diogo também costuma jogar futebol. Já jogaram juntos?

AJ – Ainda não jogámos.

Diogo Piçarra (DP) – Mas hoje vamos ver o dérbi entre o Sporting e o Benfica.

Como surgiu a oportunidade de cantarem juntos?

AJ – Conhecemo-nos em Madrid. Estava a preparar o meu terceiro disco e a nossa editora, a Universal Music, apresentou-nos. Estivemos um dia no estúdio a fazer música. Daí saíram dois grandes temas. Aproveitámos muito, partilhámos experiências e a verdade é que, a partir daí, não só nasceu esta canção, que se chama “A Dondé Vas”, como também nasceu uma grande amizade, deu-me a oportunidade de conhecer uma grande pessoa como o Diogo. Levo um irmão daqui.

Como tem sido a reação do público espanhol à música do Diogo?

AJ – O público espanhol tem um carinho incrível pelo Diogo. Sempre que alguém com talento chega a Espanha, o país fica muito agradecido. Nesse aspeto vai ser muito fácil para o Diogo apaixonar o público espanhol.

“O público espanhol tem um carinho incrível pelo Diogo.”

O que já conhece do público português e de Lisboa?

AJ – Não conheço muito. É a minha segunda vez em Lisboa. A primeira foi quando gravámos o videoclipe de “A Dondé Vas”. O pouco que conheço é o que o Diogo me mostrou e contou.

Considera-se um músico romântico?

AJ – Sim, sou uma pessoa romântica. Antes do músico está a pessoa e eu sou romântico. O que transmito na música é isso, a minha maneira de ver a vida.

Quais foram as maiores loucuras que os fãs já lhe fizeram?

AJ – Elas são muito respeitadoras comigo, nada de loucuras. Há sempre muita cordialidade e um respeito incrível. Devo muito às minhas fãs em Espanha. Espero, aos poucos, vir a conquistar fãs em Portugal.

Diogo, esta música “A Dondé Vas” tem duas versões, uma em português e outra em espanhol. Foi a primeira vez que gravou em espanhol.

DP – Foi a primeira vez que cantei em espanhol e, na verdade, nem sequer era para entrar na música. Ela foi composta há mais ou menos dois anos. A minha editora, a Universal Music, marcou-me uma série de dias de composição em Madrid e o primeiro dia foi com o Antonio. Quando saí de lá fiquei muito satisfeito com o trabalho que desenvolvi. Passado um ano e meio, o Antonio tinha guardado esta canção para a reedição do seu disco, que é o A Un Milímetro De Ti, e desafiou-me: “Só canto esta música se for contigo.”

A música está a ter muito sucesso em Espanha, ocupando os primeiros lugares de vários tops. Esperava que resultasse tão bem?

DP – Não, nem sequer esperava vir a cantar em espanhol, muito menos vir a fazer algo que corresse tão bem em ambos os países. Não é a primeira vez que existe um dueto ibérico, mas nunca pensei vir a cantar com alguém em espanhol, ainda por cima com o Antonio, alguém tão simpático, com tanto sucesso e que tem a mesma história que eu, que também vim de um programa de talentos. Nele encontrei um artista com o qual me identifico e admiro mas também um grande amigo.

“Os fãs espanhóis são muito diferentes dos portugueses.”

Com esta música já conquistou muitos fãs espanhóis.

DP – Os fãs espanhóis são muito diferentes dos portugueses, são muito mais efusivos. Quando fui cantar com o Antonio em Madrid enganei-me no caminho para a entrada do pavilhão, que é quase como o Altice Arena deles, e fui para a fila onde estavam todos os fãs à espera. De repente aquilo foi uma confusão, veio tudo a correr porque a música tinha saído no dia anterior e já me reconheciam. Foi uma loucura que soube muito bem e percebi que os fãs dele me receberam de braços abertos.

O Antonio vai estar nos seus próximos 3 concertos no Capitólio, em Lisboa. Vai ter mais convidados além dele?

DP – Tenho algumas surpresas, mas estou muito ansioso porque vai ser um dos primeiros contactos dos portugueses com este artista.

Tem feito algumas colaborações com músicos estrangeiros, principalmente no Brasil. A música “Trevo” que gravou com a dupla Ana e Vitória, por exemplo, foi distinguida há duas semanas como single de Diamante naquele país. Esta é uma forma de levar a sua música além-fronteiras?

DP – Para mim, o objetivo nunca foi lançar músicas para o mundo inteiro, sempre quis mais compor e trabalhar ativamente no estúdio, e não ser conhecido nem cantar em todos os palcos do mundo. A vida tem-me levado também para aí, muitas das pessoas com quem tenho trabalhado depois querem que coloque a minha voz na música que compus ou que produzi. Tem sido surpresa atrás de surpresa. A Ana e Vitória procuravam um cantor em Portugal para que a música “Trevo” ganhasse outra dimensão. Isso aconteceu, encontraram-me a mim, escolheram-me e sinto-me muito grato por isso. De repente surgiu uma nova oportunidade e tenho agora um dueto com um cantor que admiro imenso, o Jão. Recentemente tive a oportunidade de estar no Rio de Janeiro e em São Paulo a compor e a trabalhar com mais artistas. Não sei se sairá daí algum dueto, mas começa sempre assim numa incógnita.

Faz sempre questão de cantar em português e estar ligado à música nacional.

DP – Claro. Apesar de cantar em espanhol com o Antonio José há a versão em português e mesmo no dueto com a Ana e Vitória tenho o meu sotaque de Portugal e elas o do Brasil. Vou estar sempre muito ligado ao meu país, tenho orgulho em ser português. A primeira música que fiz e em que pensei foi em português, nunca me vou conseguir desvincular da nossa língua.

“Sempre quis mais compor e trabalhar ativamente no estúdio, e não ser conhecido nem cantar em todos os palcos do mundo.”

Em janeiro arrancou com esta Tour Abrigo, mais intimista. Porquê mudar os seus concertos para este formato acústico?

DP – Decidi, a partir deste ano, fazer uma tournée mais intimista para dar vida ao EP Abrigo, que lancei no ano passado e é composto por três músicas: “Era Uma Vez”, “Abrigo” e “Paraíso”. Pela primeira vez estou a fazer uma tour apenas de auditórios. Havia muitos sítios a que queria ir e não tinha oportunidade com o outro concerto. Esta tournée está a dar-me outra visão do concerto, dá-me a oportunidade de poder falar mais com as pessoas, demorar o tempo que quiser, cantar as músicas que quero ou que as pessoas pedem. É um espetáculo muito bonito e diferente, apesar de ter saudades dos outros concertos ao ar livre com banda, bailarinos, tudo diferente visualmente, este espetáculo está a dar-me uma outra visão. Ainda bem que fiz esta pequena pausa para descansar um pouco dos grandes palcos e para começar a produzir o novo álbum que sairá no final do ano.

Como tem sido a reação do público que está habituado ao outro tipo de concertos?

DP – No início o público estranhou um pouco este concerto mais intimista, já estavam habituados. Foram quatro anos sempre a bombar com concertos ao ar livre e com uma grande componente visual. Este espetáculo é totalmente despido, é o oposto disso. Os mais novos estranham, mas agrada aos mais velhos porque nunca tinham tido oportunidade sem me ver sem a confusão das feiras ou dos festivais. Muitas pessoas já perceberam que ali dá para ouvir a minha voz, cantar e falar comigo. Isso é o mais especial destes concertos.

Tour Abrigo 2019, próximas datas:

12 abril: Capitólio, Lisboa ESGOTADO
13 abril: Capitólio, Lisboa ESGOTADO
13 de abril: Capitólio, Lisboa – SESSÃO EXTRA ÀS 16H30 ESGOTADO
4 maio: São Mamede CAE, Guimarães ESGOTADO
10 maio: Centro de Congressos do Arade, Portimão
11 maio: Casino de Espinho ESGOTADO
18 maio: Teatro Municipal da Guarda ESGOTADO
24 maio: Casa da Cultura, Barreiro
25 maio: Quartel das Artes, Oliveira do Bairro
15 junho: Casino Figueira, Figueira da Foz
28 junho: Convento São Francisco, Coimbra
29 junho: Casa da Criatividade, São João da Madeira ESGOTADO
3 agosto: Casino de Troia
19 outubro: Coliseu Micaelense, São Miguel, Açores

Clique aqui e siga-nos no Instagram

Aurea e Diogo Piçarra juntos no cinema