Vem aí o programa ‘cuidadores por um dia’… mas só para rapazes

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[Fotografia: Freepik]

“É preciso sensibilizar os rapazes para a área do cuidado, combater a segregação profissional em campos em que ainda é muito feminilizado”, vinca a presidente da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE).

Carla Tavares revela que, para erradicar estereótipos, vai nascer, em 2025, um novo programa escolar só para eles. “Estamos a preparar a iniciativa Cuidadores Por Um Dia, à semelhança do que já temos com as Engenheiras Por Um Dia, mas apenas direcionado para os rapazes, revela à Delas.pt.

Um “projeto-irmão”, considera a responsável da CITE, que pretende também “convocar e sensibilizar para a partilha e divisão de tarefas domésticas e do cuidado” e que vem colmatar uma “desigualdade”: “Quando vão às escolas, as técnicas revelam que os rapazes se queixam de que os projetos são todos para as raparigas, agora nasce este pare eles”, procurando dirimir os desequilíbrios ainda prevalecentes na sociedade portuguesa.

A iniciativa, que tem lugar junto de alunos do ensino não superior, tem o apoio da Associação Portuguesa para a Diversidade e Inclusão (APPDI). No ano passado, a sétima edição do programa Engenheiras por Um Dia contou com 186 entidades participantes: 62 escolas/agrupamentos de escolas, 23 instituições de ensino superior e 101 empresas, associações e municípios.

Desigualdades começam em casa

Para Carla Tavares, “a desigualdade vai perdurar enquanto não houver uma efetiva partilha das tarefas em casa”. “E não é ajudar, é partilhar, é dividir as tarefas”, acrescenta a presidente da CITE, que fala na urgência em “sensibilizar homens e mulheres para esta realidade”. Assim sendo, prossegue a responsável, “é preciso que os homens comecem a fazer mais, mas também é urgente que as mulheres saibam abdicar, pondo fim a frases como ‘eu é que sei fazer”, recomenda em conversa com a Delas.pt.

Recorde-se que dados de 2023 indicam que, “pela primeira vez, num ciclo de nove anos, vimos aumentar o ‘gap’ [fosso] salarial de 13,1% para 13,2% se considerarmos o salário base, e de 15,9% para 16% se considerarmos o ganho [salário liquido] e isto deve preocupar-nos“, denunciou Carla Tavares.

Em audição na subcomissão parlamentar para a Igualdade e Não Discriminação alertou, esta quinta-feira, 3 de outubro, para o aumento do fosso salarial entre homens e mulheres pela primeira vez em nove anos, sobretudo nos quadros superiores.

Nesta matéria, a responsável detalha à Delas.pt que, nas profissões e nas funções mais qualificadas elas “chegam a ganhar menos 25% do que os homens, ou seja menos 1/4 dos ganhos”. Uma discrepância que emerge não do salário base, mas dos ganhos totais, ou seja, o que inclui “ajudas de custo, horas extra, subsídios e todo o tempo que está disponível para auferir mais”, e que as mulheres não dispõem, clarifica Carla Tavares.