Vem aí uma rede social para a moda e têxteis portugueses

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Manuel Alves e Manuel Goncalves 2017/18 Portugal Fashion, Portugal, March 22, 2017. REUTERS/Rafael Marchante -

A Associação Têxtil e Vestuário de Portugal vai fazer um rastreio à escala global dos trabalhadores portugueses na moda e têxtil e uni-los numa plataforma ‘online’ para intercâmbio a lançar este verão. A notícia foi avançada pelo diretor-geral da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP), Paulo Vaz, em à Lusa.

“Vamos lançar uma ação até ao final do mês de julho que é criar uma rede social de todos os profissionais de moda portuguesa que estão no estrangeiro, de forma mantê-los unidos e com permanente comunicação sobre aquilo que se passa na moda e no têxtil em Portugal”, afirmou.

O projeto da rede social insere-se no âmbito do ‘Fashion From Portugal 4.0’ e surge na sequência da estratégia da ATP para 2020-2021 que pretende apostar na área da “digitalização e comunicação”, explicou Paulo Vaz, considerando que depois do rastreio dos profissionais à escala global acredita que vai ter “muitas boas surpresas nos mais remotos lugares”.

O projeto assenta na plataforma na internet Linkedin, rede social mais vocacionada para a vertente profissional, e vai ter um conjunto de “valências muito específicas”. Abranger o conjunto de profissionais portugueses que estão espalhados pelo mundo e a trabalhar em grandes marcas internacionais é um objetivo, mas não é o único. A ideia é também incluir os que trabalham “na alta-costura italiana ou francesa” ou nas “grandes marcas americanas” e que de alguma forma estão desligados de Portugal há muitos anos, desconhecendo, em muitos casos, a realidade do têxtil e do vestuário português, segundo o responsável.

A ATP pretende manter os profissionais da moda e do setor têxtil português ligados entre si através de um intercâmbio digital e com informação atualizada e regular sobre o que está a acontecer em Portugal, potenciando “os negócios”. Para isso, será disponibilizado um jornal, em edição bilingue (português e inglês) que uma vez por semana será publicado na rede, com informação selecionada para os profissionais portugueses.

Sustentabilidade é a outra aposta

Em 2016, o setor têxtil atingiu um cenário de ouro, ultrapassando os cinco mil milhões de euros de exportações e um volume de negócios de 7,4 mil milhões de euros e 136 mil trabalhadores. Agora, a APT quer aliar à digitalização a sustentabilidade como outra das áreas de charneira do próximo plano estratégico da Indústria Têxtil e Vestuário (ITV 2030).

Além das apostas correntes, como a “internacionalização, inovação tecnológica, qualificação dos quadros”, a associação pretende reforçar o papel do país naquela matéria.

“Hoje Portugal é considerado um dos países de ponta ao nível do têxtil e da sustentabilidade”, porque do ponto de vista da responsabilidade social e ambiental é um país “cumpridor escrupuloso de toda a normativa” na União Europeia, sublinhou Paulo Vaz.

Até porque, acrescenta, atualmente a etiqueta ‘made in Portugal’ já é símbolo de “excelência produtiva”, “engenharia de produto e de processo”, “inovação tecnológica”, “criatividade e serviço”. A esses acresce a questão da sustentabilidade, que a APT diz ter vindo a promover cada vez mais, e que se tem vindo a implementar como tendência em vários países e marcas europeias, não só pelas diretivas comunitárias, mas também pela mudança dos padrões de um consumo, onde há um crescente preocupação com as questões de sustentabilidade ambiental e laboral.

Na indústria têxtil, Portugal é, segundo Paulo Vaz, “um modelo à escala global”, onde as empresas despejam os seus efluentes para um “sistema integrado”, “controlado” e “não agressivo do ambiente”.

Segundo o responsável, estão a desenvolver-se um conjunto de técnicas no mundo e também no país que vão permitir “reutilizar” aquilo que eram peças de vestuário ou dando-lhe uma nova utilização ou destruindo-as reaproveitando as fibras das quais elas eram feitas, designadamente o algodão, os poliéster.

Mas os processos têm de ser economicamente viáveis, ressalva. Ou seja, “têm de ter escala suficiente” para que isso aconteça, e nesse aspeto, “há um caminho ainda grande a ser feito”.

AT com Lusa

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