Vestir a mudança que queremos ver no mundo

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Originalidade. O que é que significa? Para Ellie Goldstein, Isra Hirsi, Taqwa Bint Ali e para todas as mulheres e pessoas não-binárias, é o que têm feito durante toda a vida.

Quando Ellie Goldstein nasceu, os médicos informaram que não iria andar, falar ou ir para a universidade. O diagnóstico de Síndrome de Down foi visto, logo à partida, como um muro demasiado alto para ultrapassar, mas a pequena Ellie provou desde cedo que estava destinada a voos muito altos.


Começou com o sonho de ser uma manequim famosa. Em casa, organizava passagens de modelos, com a irmã a preparar-lhe o guarda-roupa. Aos 15 anos, assinou com uma agência de talentos que representa pessoas com deficiência. Três anos depois, protagonizou uma campanha da Gucci. Foi assim que tomou o mundo da moda de rajada. O muro já tinha ficado para trás.

Do Reino Unido para o Mundo, Ellie Goldstein tornou-se um símbolo da mudança de como se vê e se pensa na beleza. Hoje, é uma das caras da nova iniciativa da adidas Originals “Always Original”. Lançada em fevereiro de 2022, a campanha inclui vestuário, calçado e acessórios pensados por um coletivo composto por mulheres e pessoas não-binárias que têm impulsionado a mudança em diferentes áreas.

Sendo uma celebração única das expressões únicas de originalidade, contadas por vozes marginalizadas, cada tipo de corpo e luta está representado nas nove coleções-cápsula. As peças foram desenhadas para deixar qualquer pessoa o mais confiante possível, seja usando camisolas com capuz Always Original ou sapatilhas BOLD W.

Para além dos produtos disponíveis online e em loja, a “Always Original” pretende ir mais longe. Ao longo dos próximos meses, os membros do coletivo vão participar em atividades para homenagear as vozes originais, porém, sistematicamente discriminadas e que desbravam caminhos difíceis para que a próxima geração não tenha de o fazer.

A igualdade racial na justiça climática


Antes de completar os 18 anos, Isra Hirsi já se tinha tornado uma das fundadoras da Greve Climática Estudantil norte-americana. Filha de imigrantes originários da Somália, a jovem testemunhou de perto as consequências devastadoras das alterações climáticas.

Ao mesmo tempo que ouvia as histórias de refugiados climáticos, depressa percebeu que faltavam pessoas como ela no movimento. Especificamente, que se parecessem com ela. Por isso, tem sido uma das defensoras da diversidade racial dentro da Greve Climática, para que quem luta pelo ambiente não se esqueça das pessoas pelas quais está a lutar, qualquer que seja o seu país ou cultura.

A história de vida de Isra Hirsi está na coleção-cápsula que desenhou em conjunto com Naomi Otsu. E não é caso único. A designer gráfica e ilustradora desenhou peças em conjunto com cada embaixadora da campanha. Assim, esta foi a oportunidade de Isra Hirsi para exprimir na moda o seu verdadeiro objetivo de vida: mudar o mundo.

Feminismo de mãos dadas com a espiritualidade

Outra coleção-cápsula da “Always Original” foi pensada por Taqwa Bint Ali para aliar a moda intemporal ao respeito pela espiritualidade e religião muçulmana. Para Taqwa Bint Ali, a defesa da liberdade religiosa é tão central à sua identidade que criou a primeira plataforma de moda modesta em França: a Galeries Zarafet.

Na base desta plataforma está uma missão: alterar o que sentiu ao crescer. Em 2020, depois de ter sido a primeira modelo a envergar um hijab numa campanha da Jean Paul Gaultier, afirmava à Harper’s Bazar Arabia: “Enquanto uma hijabi a viver no Ocidente, raramente vejo mulheres árabes ou do Norte de África serem representadas, muito menos usando um hijab”.

Sendo uma das responsáveis pela maior aceitação e representatividade do véu islâmico no mundo da moda ocidental, houve algo muito importante que Taqwa Bint Ali aprendeu ao longo dos anos. “Aprendi a acreditar em mim mesma antes de qualquer outra pessoa. Quero encorajar raparigas a lembrarem-se que ‘vocês não precisam deles, eles é que precisam de vocês’”.

Num mundo em que a originalidade é silenciada em favor do que é “normal”, Taqwa, Isra e Ellie querem mostrar que ninguém ficou para a História ao fazer o que lhes mandaram. Todos os dias, os rostos das “Always Original” desafiam estereótipos e lutam por uma sociedade mais justa e igualitária, onde a originalidade de cada um possa ser celebrada.