Viajar sozinha e à boleia? Sim, Marta Durán deixa dicas e truques

marta
[Fotografia: Instagram boleiasdamarta]

Marta Durán é uma apaixonada por aventura e viajar pelo mundo em cima da sua bicicleta, mas fazê-lo implica muito esforço e coragem. Com apenas 24 anos, a lisboeta já foi, entre muitos outros destinos, à Índia, Nepal, Guiné-Bissau, Mauritânia, Moçambique.

E se a sua bicicleta é mesmo a maior companheira de viagem, certo é que a boleia é presença garantida nas suas jornadas. Por isso, os desafios que enfrenta são muitos, sobretudo por empreender estas viagens sozinha, sendo do género feminino: “Uma mulher está sempre um bocadinho mais exposta”, admite ao Delas.pt.

Neste aspeto, Marta afirma que, apesar de sentir muitas vezes que os homens olham para ela com “segundas intenções e interesses”, isso não a impede de continuar a fazer o que gosta.

Como lidar com o assédio

Na Suíça, a jovem revelou que viveu uma das situações que menos gosta de recordar. “Um senhor tinha segundas intenções comigo e eu tive de mandar um berro para ele parar e deixar-me sair do carro, mas eu estava no meio da autoestrada, portanto não pude sair logo”, recorda agora ao Delas.pt. Mas nem isso a para.

Como resolver? “Quando vejo que isso está a acontecer, fecho-me logo e, se for preciso, invento que tenho um namorado ou que tenho alguém que está ali comigo naquele momento para me defender”, explica.

Mas será que ser uma viajante feminina a solo implica outros métodos de segurança? A lisboeta faz questão de dizer que sim. “É preciso confiar muito no sexto sentido feminino. É assim que me consigo safar de várias situações”, revela.

Dicas para quem vai viajar sozinha pela primeira vez

Para quem vai viajar pela primeira vez sozinha, Marta aconselha a que se vá com o percurso programado. “Apesar de eu não o fazer – até porque o meu estilo de viagem não o permite -, saber o sítio onde se vai dormir e comer é sempre uma forma de segurança extra”, recomenda.

E é nestes casos que as novas tecnologias podem mesmo trabalhar a favor. “No Google Maps, dá para ativar a nossa localização e sempre que se tem os dados móveis ligados, alguém vai saber sempre onde tu estás”, explica, acrescentando que “quem escolhe ir para países mais complicados, convém ter sempre a localização ativa e partilhá-la com algum familiar ou amigo”.

Ainda nestes países “mais complicados”, Marta diz que é fundamental respeitar a cultura e a religião dos mesmos. “Num país muçulmano, por exemplo, não se deve andar de saia, calções ou com o peito mais exposto para evitar olhares e algum tipo de abordagem possível”, admitiu ao Delas.pt.

15 horas a atravessar um dos maiores desertos do mundo

Mas nem tudo é assim tão complicado, muito pelo contrário. Para a jovem, a viagem mais marcante que fez aconteceu no deserto do Sahara, conhecido por ser o deserto mais quente do mundo. “Apanhei boleia do comboio mais longo do mundo no meio do deserto”, contou a jovem.

Trata-se de um transporte mineiro que percorre o deserto desde a costa de Nouhabidu até Zouerat, onde existe uma mina de ferro onde se carregam todos os vagões de dois quilómetros que compõem o comboio. “Eu via esta viagem épica muitas vezes na televisão e quando estava a passar de bicicleta pela Mauritânia pensei ‘tenho mesmo que fazer isto'”, lembra.

Apesar de Marta admitir que estava com medo de fazer uma viagem de 15 horas pelo deserto de noite e sozinha, a jovem afirmou: “Virei as costas ao medo e deixei-me ir“.

“É uma experiência que nunca mais vou esquecer. Estar a correr, ter de subir ao vagão, estar deitada em cima daquele comboio mineiro, olhar para a frente e não ver fim ao transporte e percorrer 15 horas o deserto do Sahara durante a noite com o céu estrelado, foi uma das melhores experiências que tive”, concluiu.