Vibradores tecnológicos procuram parceiras em Portugal

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Eva, da Dame Prodcucts [Fotografia: Facebook]

A Dame Products, tecnológica norte-americana que tem uma linha de vibradores femininos, admite comercializar os seus produtos em Portugal, disse a cofundadora Alexandra Fine, que lançou a empresa em parceria com uma engenheira mecânica, e que esteve em Portugal no âmbito da Web Summit.

De acordo com a Forbes, o lançamento dos dois primeiros ‘brinquedos’ da Dame Products “bateu os recordes de ‘crowdfunding'”, com a Eva, um vibrador feminino ‘handsfree’ [mãos livres] “a ser o brinquedo sexual mais bem-sucedido na história em termos de campanha de ‘crowdfunding'”.

Alexandra Fine, que é sexóloga, contou à Lusa como tudo começou e admitiu vir a comercializar os seus produtos em Portugal. “A Dame Products começou há cinco anos, eu queria criar uma linha de brinquedos sexuais” que a mulher pudesse usar durante o ato sexual com o parceiro e que combatesse a falta de prazer no sexo. “Queria criar um produto dirigido a mulheres com vulva e que lhes permitisse ter prazer” e assim nasceu Eva, “que permite o controlo da estimulação”, apontou.

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Entre esta ideia e encontrar a parceira certa para o negócio durou cerca de sete meses, quando a vida de Alexandra Fine se cruzou com Janet Lieberman, engenheira mecânica do MIT, que também queria arrancar com um projeto semelhante.

Mais de meio milhão de euros em seis para criar Eva

Daí foi um passo e seis meses depois conseguiram angariar “675 mil dólares [589 mil euros, à taxa de câmbio atual] em 45 dias” e obter “6 mil pré-encomendas”, acrescentou a cofundadora. “Foi um sucesso tão grande: passamos de uma ideia tonta para a concretização real de uma empresa”, prosseguiu, salientando que o envio das encomendas começou a ser feito em fevereiro/março de 2015.

A Dame Products conseguiu ainda que a Kickstarter, considerada uma das maiores plataformas de financiamento de projetos criativos mudasse a sua política interna e aceitasse a empresa. Primeiro foram rejeitadas, depois acabaram por entrar na plataforma e angariaram cerca de meio milhão de dólares em 30 dias. “Vendemos os nossos produtos”, neste momento três, “nos Estados Unidos, Austrália e em alguns países na Europa”, disse Alexandra Fine. Questionada sobre se gostaria de comercializar os seus ‘brinquedos’ no mercado português, a empreendedora afirmou: “Sim”. Mas para isso, disse, vai ter de encontrar distribuidores.

Mais de 100 mil vibradores ao ano

Até à data, a Dame Products já vendeu “mais de 100 mil” vibradores femininos e o ritmo do crescimento “está a dobrar ano para ano”. No entanto, ainda “temos imensos desafios”, um deles é regulatório e tem a ver com o facto de os ‘brinquedos sexuais’ não poderem ser alvo de publicidade no Facebook, Instagram, Twitter, entre outros.

“É um brinquedo e uma ferramenta que uma mulher pode usar para se sentir melhor consigo, não há nada imoral nisso, não estamos a vender armas. Acho que o que está inerente é que a feminilidade sexual é assustadora para o homem e essa é a questão”, rematou.

Alexandra Fine defende que a tecnologia pode ser humanizada e exemplo disso é a Dame Products, que visa criar produtos destinados a serem utilizados com o parceiro e acrescentam “um extra” à relação. “A tecnologia permite fazer ferramentas melhores e adaptadas” às pessoas e isso é uma vantagem, considerou.

A presença este ano na Web Summit foi positiva, uma vez que demonstra que as pessoas “começam a perceber o valor” da Dame Products, “porque cria valor”. Além disso, “estar aqui [na Web Summit] é validar o negócio” e torna-o “mais credível”.

Questionada sobre quais os obstáculos que sente sendo mulher nesta área de negócio, Alexandra Fine destacou que o movimento #Metoo veio mudar muita coisa, mas muito mais há ainda para fazer. Depois do #Metoo “duas coisas aconteceram”, disse. Por um lado, surgiram investidores interessados na empresa por se falar “de forma honesta sobre o sexo”. Por outro, houve quem dissesse “que não se pode falar de sexo no lugar de trabalho” e encerrasse a conversa.

“Quando não falamos de sexo deixamos a sexualidade no beco, que é onde acontece. Se só for permitido falar dentro de portas, o que acontece dentro de portas” continuará no silêncio, alertou.

Imagem de destaque: DR

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