Obras de Vieira da Silva do período pós-guerra vão a leilão

Três grandes obras de Maria Helena Vieira da Silva do período pós-guerra estão, esta quarta-feira, 22 de março a leilão, pelas 21h, na Veritas Art Auctioneers, em Lisboa.

“Composition, 1948, “Praça Duque de Saldanha”, da mesma data, e um óleo sobre tela não intitulado e datado de 1953 são os quadros que estão à venda e cujos preços oscilam entre os 60 e os 300 mil euros

Estas pinturas de Vieira da Silva provêm de uma coleção particular nacional e figuram no seu catálogo raisonée – que reúne a lista dos trabalhos de um artista. Além disso, integraram várias exposições individuais e coletivas, em todo o mundo e em diferentes décadas, refere a leiloeira.

“Estas três obras são grandes obras da Vieira da Silva. São também importantes na carreira da artista por marcarem o seu regresso à Europa, após um exílio de sete anos no Brasil. É nesse contexto que Vieira retoma as suas pesquisas abstratas, integrando então a importante cena artística parisiense”, observa Igor Olho-Azul, CEO da Veritas Art Auctioneers.

Entretanto, na Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva está patente, até 7 de maio, a exposição ‘Arpad Szenes e Vieira da Silva, os anos do exílio no Brasil (1940-1947)’.

A mostra, integrada na programação da Passado e Presente – Lisboa, Capital Ibero-americana da Cultura 2017, evoca o período da Segunda Grande Guerra e dos fluxos de refugiados e dos exílios, através da experiência pessoal de Maria Helena Vieira da Silva e do marido, o também pintor Arpad Szenes, judeu húngaro.

Fugidos de França e recusados em Portugal, foi o Brasil que o acolheu o casal, indica a informação sobre a exposição no site da Fundação. Ao longo de sete anos, entre 1940 e 1947. No Rio de Janeiro fizeram amigos entre os artistas e intelectuais locais e partilharam com outros expatriados e refugiados espaços e vivências.

A exposição revela a forma como esse período vivido no Brasil se reflete na produção artística dos dois artistas. Enquanto para Vieira da Silva, o exílio foi particularmente doloroso e a sua obra reflete as suas inquietações: a dor da guerra, o absurdo da condição humana, o desenraizamento e a saudade, para Arpad Szenes é uma fase em que se dedica ao ensino e à produção de encomendas, sobretudo ilustração e retrato.
A guerra, a paisagem do Rio de Janeiro, os amigos e os ateliers e, finalmente, o casal – ‘couple’ –, com retratos de Maria Helena por Arpad, são os núcleos desta exposição, que tem a curadoria de Marina Bairrão Ruivo.

Quanto ao leilão da Veritas, inclui, além dos quadros de Maria Helena Vieira da Silva, obras de Paula Rego, Nan Goldin, Ana Vidigal, Helena Almeida, Julião Sarmento, Manuel Cargaleiro, Júlio Pomar e Jean-paul Riopelle, artista de origem canadiana que se instalou em Paris nos mesmos anos que Vieira da Silva, destaca a leiloeira.

Os 130 lotes que integram o catálogo do leilão podem ser conhecidos em www.veritasleiloes.com.

Na nossa fotogaleria veja os quadros a leilão de algumas das artistas.