Violência de género entre menores aumenta em Espanha

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O Ministério Público espanhol alertou esta terça-feira para o aumento “inquietante” e “preocupante” entre os menores de idade, nomeadamente abaixo dos 14 anos, dos casos de violência de género, abusos e agressões sexuais, incluindo violações em grupo.

No relatório “Memória 2018” divulgado também esta terça-feira à margem da apresentação do Ano Judicial, o Ministério Público revela que em 2018 o número de processos preliminares iniciados por violência masculina por menores foi o maior da década: 944 contra 684 em 2017.

“Há uma tendência inequívoca de aumento da violência entre menores, adolescentes e jovens [em Espanha]. Esta tendência reflete-se tanto na esfera doméstica como nas relações sentimentais iniciadas numa idade cada vez mais precoce, e que se baseiam em padrões de controlo e dominação do rapaz sobre a rapariga“, segundo a procuradoria-geral espanhola.

No ano passado também houve um aumento dos processos por abuso e agressão sexual cometidos por crianças e adolescentes: o número total de processos por crimes contra a liberdade sexual perpetrados por crianças menores de 18 anos foi de 1.833, mais 32,2% do que em 2017.

Por outro lado, o número de agressões sexuais (violações) cometidas por menores aumentou 43%, para 648.

O Ministério Público sublinha que estas agressões praticadas por adolescentes “têm aspetos perturbadores“, com “um número significativo de menores de 14 anos a serem investigados”.

A instituição acrescenta que “não menos preocupante é a observação cada vez mais frequente da ação em grupo em algumas agressões sexuais”, um fenómeno que “está relacionado com o uso da pornografia através das redes sociais, onde a mulher é apresentada como um objeto”.

Para o Ministério Público há um possível efeito de contágio na ânsia dos agressores por imitar, com perda da consciência da gravidade e da responsabilidade individual pela ação quando é diluída dentro do grupo.

A instituição aponta o dedo por estes comportamentos numa idade reduzida a uma “educação deficiente, má formação em valores e ausência da menor empatia e consideração pelos outros”.

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