Violência no namoro. PSP recebeu seis queixas e GNR quatro por dia em 2022

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[Fotografia: Pexels/ Liza Summer]

Só no ano passado, a PSP reportou 1040 denúncias de situações de violência entre namorados e 1069 entre ex-namorados, apontou a PSP, num comunicado enviado às redações enviado a propósito do Dia dos Namorados, que se celebra esta terça-feira, 14 de fevereiro.

Nos últimos cinco anos, a Polícia de Segurança Pública (PSP) recebeu mais de 10.400 denúncias. Só em 2022 – ainda que se tenha verificado uma ligeira descida face ao ano anterior -, registaram-se 2109 denúncias. A grande maioria das vítimas são raparigas e mulheres.

Já a GNR reportou aumento de mais de 316 casos no ano passado. No ano anterior, contabilizaram-se 1105 crimes de violência no namoro que afetaram pessoas de todas as idades, sendo que 332 das vítimas eram jovens até aos 24 anos.

A PSP destaca que a predisposição das vítimas, bem como de testemunhas e outros intervenientes para denunciar os casos tem aumentado, justificando que as pessoas estão cada vez mais conscientes e sensibilizadas para este crime. Algo que a força de segurança diz contribuir para um conhecimento “mais célebre” das situações de violência, sendo por isso capaz de auxiliar a vítima numa fase mais precoce.

Ainda assim, a PSP destaca que se verificam comportamentos, em especial entre casais mais jovens que também se traduzem em situações de violência, exemplificando o controlo que os parceiros têm sobre aquilo que o outro veste ou com quem este se relaciona, quer da família quer do núcleo de amigos, e com quem socializa nas redes sociais. Pelo que a força de segurança recomenda que as pessoas mais próximas das vítimas devem estar atentas “a sinais de pressão constante para que se isolem da sua família e amigos e vivam, cada vez mais, em função da vontade do agressor”.

Campanhas em curso

Para assinalar o Dia dos Namorados, a PSP arranca com uma nova operação de sensibilização em ambiente escolar com o mote “No Namoro Não Há Guerra”, até ao dia 28 de fevereiro. Durante estas duas semanas, a PSP irá desenvolver ações destinadas a jovens do 3.º ciclo do ensino básico e do ensino secundário, entre os 13 aos 18 anos, através do Programa Escola Segura (PES).

A GNR inicia, esta segunda-feira, uma campanha de prevenção e sensibilização para combater “comportamentos violentos e todas as formas de agressão existentes”, psicológica, emocional, física, social e sexual. A campanha “#NãoTeCales”, que termina a 17 de fevereiro, tem em especial atenção casos de violência no namoro entre jovens, “onde estes comportamentos são precoces e mais facilmente evitados no futuro”, sublinha a GNR.

Na nota, a guarda destaca ainda que “o impacto deste tipo de violência em idades precoces pode ser a aceitação desta violência no futuro, comprometendo as vítimas envolvidas, as suas famílias e a sociedade no seu conjunto”.

Durante a campanha, para alertar os jovens para a importância de relações saudáveis, baseadas em valores como a autoestima, o respeito e a tolerância, a GNR garante continuar a estar junto das escolas.

Mais de quatro mil ações de prevenção

A PSP refere aponta que nos últimos cinco anos letivos foram concretizadas mais de 4100 ações que envolveram mais de 89300 alunos de todo o país de mais de três mil escolas públicas, do setor privado e cooperativos. Só no último ano letivo, foram realizadas 1297 ações, nas quais participaram 24149 alunos.

No que diz respeito à violência doméstica, atualmente a PSP dispõe de 16 estruturas de atendimento policial às vítimas, distribuídas pelos comandos metropolitanos do Porto e Lisboa, bem como pelo comando regional da Madeira e pelos comandos distritais de Castelo Branco, Faro, Portalegre e Setúbal.

Esta autoridade apela à denúncia de casos de violência, quer seja no namoro ou em qualquer outro contexto, considerando que as vítimas, testemunhas ou qualquer outra pessoa que tenha conhecimento da situação, devem apresentar queixa nas esquadras ou procurar ajuda no contexto escolar junto das equipas da Escola Segura ou das equipas de Proteção e Apoio à Vítima.
Na nota, a força de segurança sublinha ainda que as vítimas e testemunhas podem solicitar apoio ou sinalizar estes casos através dos canais [email protected] ou [email protected].

Por seu turno, no que diz respeito ao crime de violência doméstica, a GNR informa que tem vindo a reforçar as suas campanhas de sensibilização, bem como a apostar na formação das suas equipas para que estejam “mais preparadas para agir e acompanhar este tipo de situações”. “A violência não é uma opção”, reitera a GNR, apelando à denúncia como “uma responsabilidade coletiva”.