Vírus zika associado a distúrbios neurológicos graves

Chega mais uma doença associada ao vírus Zika. Depois da microcefalia em bebés (veja a galeria de imagens) estar a pôr a comunidade científica em investigações massivas, surge agora uma ligação entre aquela doença contagiada pelo mosquito Aedes aegypti e o síndrome Guillain-Barré. Esta doença do foro neurológico provoca uma reação autoimune do corpo que, atacando o sistema nervoso, causa fraqueza muscular e paralisia.

As conclusões foram publicadas no final de fevereiro na revista ‘The Lancet’, após um estudo levado a cabo pelo Instituto Pasteur. De acordo com a referida investigação, foram analisadas 42 amostras de sangue de pessoas que desenvolveram o síndrome Guillain-Barré durante o surto de Zika na Polinésia Francesa, em 2013 e 2014. A investigação indicou que 93% daquele grupo com a prevalência da doença neurológica tinha sido contagiado pelo vírus Zika três meses antes de evidenciarem distúrbios.

“Este trabalho permite a confirmação do papel da infeção pelo vírus zika nas ocorrências de complicações neurológicas graves que constituem a síndrome de Guillain-Barré”, afirma Arnaud Fontanet, responsável pela Unidade de Epidemiologia de Doenças Emergentes, do Instituto Pasteur

Arnaud Fontanet, médico epidemiologista francês especializado em doenças infecciosas e principal autor do estudo levado a cabo pelo Instituto Pasteur, considera que o esta investigação “permite a confirmação do papel da infeção pelo vírus zika nas ocorrências de complicações neurológicas graves que constituem a síndrome de Guillain-Barré”.

No Brasil, foco de um novo surto de Zika, foram já detetados 1800 casos do síndrome de Guillain-Barré. Também a Colômbia, Venezuela e El Salvador, países que estão a ser atingidos pelo vírus, começam a lidar com pacientes com sintomas característicos daquela doença neurológica que, segundo a Organização Mundial de Saúde, é fatal em 5% dos casos e paralisante dos músculos respiratórios em 25% dos infetados.

Para o médico epidemiologista francês fica claro que as zonas do mundo que estão a ser afetadas pela epidemia do Zika terão “provavelmente um aumento significativo no número de pacientes com complicações neurológicas graves”. Arnaud Fontanet alerta, por isso, para a necessidade de “aumentar a capacidade das instalações de cuidados de saúde para receber pacientes que necessitam de cuidados intensivos”.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou que 5% dos casos de Guillain-Barré são fatais, e 25% dos infetados apresentam paralisias dos músculos respiratórios. Além da síndrome, o vírus tem sido associado ao nascimento de bebés com microcefalia.


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Sintomas Guillain-Barré:
– Fraqueza muscular, geralmente começa nas pernas, depois nos braços, diafragma, músculos da face e da boca, prejudicando a fala e a alimentação
– Formigueiro e perda de sensibilidade nos braços e nas pernas
– Coração acelerado, palpitações
– Alterações de pressão arterial
– Dificuldade em respirar e engolir
– Dificuldade em controlar urina e fezes
– Medo, ansiedade, vertigem e desmaio