Vítimas mortais do ataque ao centro Ismaili de Lisboa são mulheres

Visita guiada ao Centro Ismaili em Lisboa
[Fotografia: Filipa Bernardo/ Global Imagens]

Líder da comunidade ismaelita em Lisboa, Narzim Ahmda, revelou que as vítimas mortais do ataque ao centro Ismaili em Lisboa, na Avenida Lusíada, em Lisboa, eram duas mulheres portuguesas e possivelmente da comunidade. Uma confirmação feita à SIC Notícias. “Neste momento é tudo prematuro, sabemos que houve aqui duas mortes, duas mulheres, e sei que o suspeito é um afegão refugiado que por uma razão qualquer entrou aqui no centro”.

Existem mais duas vítimas que estão hospitalizadas em estado grave. O Centro Ismaili em Lisboa foi esta terça-feira de manhã, 28 de março, alvo de um ataque, perpetrado por um homem armado com uma faca de grandes dimensões, segundo a PSP, que foi detido e conduzido ao hospital, depois de matar duas pessoas, de acordo com a informação divulgada.

O ataque ocorreu quando decorriam aulas e outras atividades no Centro Ismaili, precisou o presidente do Conselho Nacional da Comunidade Muçulmana Ismaili, Rahim Firozali.

A Comunidade Muçulmana Ismaili em Portugal é constituída por oito mil pessoas, que seguem os preceitos do Islão, uma das principais religiões monoteístas, cujos fiéis constituem um quarto da população mundial.

Os ismaelitas acreditam em Deus e que o seu mensageiro é Maomé. “Há duas principais correntes no Islão: o Xiismo (Shia) e o Sunismo (Sunni). De acordo com a doutrina Xiita, onde a Comunidade Ismaili se insere, o profeta Maomé designou o seu primo e genro Ali, como o Imam da Comunidade Muçulmana, estabelecendo assim a instituição do Imamat, a quem conferem a autoridade de liderar a comunidade em assuntos espirituais e seculares”, de acordo com um retrato da comunidade divulgado pela própria estrutura.

A comunidade Xiita, minoritária dentro do Islão, foi subdividida ao longo dos tempos, sendo a Comunidade Shia Ismaili a segunda maior dentro dos Xiita. O nome surgiu com Ismail, filho mais velho do Imam Jafar as-Saqid.

O Imam, líder do povo, é designado de forma hereditária desde a morte do profeta Maomé, numa linha de sucessão traçada desde o primeiro Imam Ali até ao príncipe Karim Aga Khan.

Atualmente, a Comunidade Shia Ismaili conta com aproximadamente 15 milhões de pessoas que vivem predominantemente no sul da Ásia, na Ásia Central, em África, no Médio Oriente, na Europa, na América do Norte e no Extremo Oriente, segundo a mesma fonte.

“À semelhança do mundo muçulmano, no seu todo, a comunidade Ismaili representa uma diversidade rica de culturas, línguas, e nacionalidades”, lê-se no documento.

A Comunidade Ismaili rege-se por uma Constituição, ordenada em 1986 e retificada em Lisboa em 1998, que à semelhança das anteriores, é fundada na aliança espiritual de cada um ao atual Imam, mantendo em simultâneo a aliança que todos os Ismailis devem às entidades nacionais dos países onde são cidadãos.

Aga Khan conta 60 anos como Imam. É fundador e presidente da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento (AKDN), que opera em mais de 30 países, principalmente no sul da Ásia, Ásia Central, África Oriental e Ocidental e Médio Oriente, com mais de 80.000 colaboradores.

O orçamento anual da AKDN para atividades de desenvolvimento sem fins lucrativos é de aproximadamente 900 milhões de dólares.

Em Portugal, a Rede Aga Khan está presente desde 1983. A Fundação Aga Khan foi oficialmente reconhecida em 1996, por decreto-lei, como uma fundação portuguesa.

A Rede Aga Khan para o Desenvolvimento e a Fundação Aga Khan Portugal, empregam, atualmente, cerca de 100 pessoas. As atividades da Fundação em Portugal vão desde a investigação à intervenção nas áreas da educação de infância e das respostas à exclusão social e pobreza urbana.