‘Vogue’ britânica enaltece “mulheres reais” na nova edição

Emily Blunt na capa da 'Vogue' britânica em novembro
Emily Blunt na capa da 'Vogue' britânica em novembro

O protagonismo não será entregue, desta vez, a modelos de renome ou a artistas com uma figura invejável. Na sua edição de novembro, a ‘Vogue’ britânica quis dar espaço a académicas, empreendedoras, jornalistas, arquitetas, historiadoras e outras “mulheres reais”, mostrando que o gosto pela moda não tem que ser limitado pela atividade profissional.

“Acredito que as mulheres que estão em posições de autoridade ou poder devem ter a possibilidade de saciar o seu interesse em roupas e moda sem que pareçam frívolas. Neste país, ainda há um estigma associado ao facto de nos sentirmos bem com a nossa aparência e de experimentarmos estilos se formos uma mulher que não esteja ligada à moda ou ao entretenimento”, alertou a editora executiva da ‘Vogue’ britânica, Alexandra Shulman.

Entre as estrelas da nova edição, destacam-se a historiadora e arquiteta Shumi Bose, a diretora da instituição de solidariedade Women For Women Internacional, Brita Fernandez Schmidt, a produtora de gelados Kitty Travers, ou a jornalista Melanie Reid, da ‘Times Magazine’, que é tetraplégica.

“Agora temos uma primeira-ministra que gosta, claramente, de pensar sobre o que está a vestir e que não tem medo de usar sapatos brilhantes, cores vivas e roupas que atraem atenções, em vez de as desviarem. Não há desculpa para que isso não aconteça”, frisou Shulman.
Emily Blunt na capa da 'Vogue' britânica em novembro
Emily Blunt na capa da ‘Vogue’ britânica em novembro

Ainda assim, a escolhida para figurar na capa foi a atriz Emily Blunt, que protagoniza o novo filme ‘A Rapariga no Comboio’. A sua presença nesta edição é justificada pela responsável da publicação através do papel de mulher “real e com defeitos” que interpreta no drama.

A editora da ‘Vogue’ do Reino Unido é conhecida por encorajar a indústria da moda a ser mais aberta na forma como aborda o conceito de beleza. Em 2009, por exemplo, escreveu uma carta aberta a alguns dos mais reconhecidos designers do mundo, na qual lamentou que os tamanhos de roupa que disponibilizam para sessões fotográficas estejam a levar cada vez mais modelos a tornar-se demasiado magras e doentes.

Great piece in @dailytelegraph by Bethan Holt on @britishvogue November issue shooting it all on women who aren't models.

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A iniciativa das “mulheres reais” surge numa altura em que a CEO da instituição YMCA, Denise Hatton, realçou à BBC o facto de as revistas continuarem a alterar digitalmente a aparência das mulheres que colocam nas suas páginas, impondo padrões irrealistas de beleza.

“Só quando as imagens que virmos nas revistas e em toda a indústria refletirem aquilo que realmente somos, poderemos sentir-nos mais confiantes com o nosso corpo e ter uma nação mais saudável e feliz, frisou Hatton.

A nova edição chega às bancas no Reino Unido esta quinta-feira.