Web Summit em sete minutos

Sete minutos e dezassete segundos é o tempo que demora a percorrer o Web Summit de uma ponta à outra – assim se percebe a extensão em linha reta (como pode ver no vídeo abaixo). São 9h45 do segundo dia da cimeira que Lisboa acolhe (8 de novembro): o MEO Arena está cheio – o que era de prever, pela fila lá fora, num universo de 53 mil pessoas de 167 países – para ouvir falar (não, não é um concerto…) durante 35 minutos Mike Schroepfer, responsável tecnológico do Facebook, sobre aquilo que se pode esperar dos próximos dez anos. Previsões com base no passado e no presente. E o futuro é a realidade virtual. Parece redutor, mas o objetivo é o que ainda não temos. Vídeo e fotografia são o presente e o futuro (sim), mas a realidade virtual está muito mais à frente daquilo que conhecemos e é para aí que caminhamos. A passos largos.

 

No MEO Arena como nos pavilhões da FIL, empreendedores, 1500 investidores ou simplesmente entusiastas das tecnologias vêm para ouvir oito horas diárias de conferências inspiradoras (entre 663 oradores), mas vêm também para mais do que isso. Vêm partilhar conhecimentos, fazer contactos, criar a sua própria comunidade, tão essencial nos dias que correm como o pão para a boca. E tudo faz sentido quando ouvimos falar, por exemplo, uma mulher como Telle Whitney.

Esta veterana da indústria tecnológica e cofundadora da Women in Computing veio partilhar a sua experiência no mundo da tecnologia – para uma audiência apinhada num espaço bem mais pequeno que o MEO Arena. Telle precisou de duas coisas para vencer o que chamou de “imposter syndrome” que é como quem diz o síndroma de não pertença a um meio onde a matemática, os computadores, a tecnologia e os homens eram dominantes. Em primeiro lugar, percebeu a importância da comunidade, que pelas suas próprias palavras significa que “todos nós temos o poder de criar a nossa comunidade, para juntar pessoas que nos ajudem a progredir na carreira, a ser bem-sucedidos”. Segundo ponto mas não menos importante: teve de assumir riscos, com base no princípio “até posso achar que não consigo, mas vou tentar na mesma”. Parecem verdades menores mas são princípios base para quem quer superar-se. Resumindo: ter uma rede de contactos e lutar por aquilo em que se acredita.


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O que vemos no Web Summit são pessoas que correram riscos e são bem-sucedidas, mas também estão aqui outras a correr riscos com o objetivo de vencer – é o caso das startups. Quatro dias em Lisboa equivalem a uma enorme oportunidade para empreendedores e investidores estabelecerem contacto, para formarem uma comunidade. É disto que se trata. E com uma grande diferença em relação à altura em que Telle Whitney, hoje com 60 anos, mergulhou nas tecnológicas: estão hoje aqui muitas mulheres. Ainda que os números que Telle nos apresenta sobre a representatividade das mulheres nas tecnologias confirmem uma prevalência de apenas 21%, com uma taxa de crescimento de 1% no último ano – com especial destaque neste contexto para empresas como a Microsoft e a Intel.

A rede wifi até pode demorar duas horas para enviar este vídeo do artigo (mas também quem iria querer enviar um ficheiro com 810MB?), o que é de somenos para quem vive um ambiente aspiracional como este, onde por momentos conseguimos mesmo acreditar que o futuro está já ao virar da esquina, num local que junta sete mil presidentes executivos e 20 mil empresas à procura de boas ideias para investir. Sete minutos e dezassete segundos é tempo suficiente para fechar um negócio.