Quem passar pela loja da Yntenzo, no número 99 da Rua do Souto, em Braga nem imagina que por detrás daquela fachada se esconde uma das experiências mais inovadoras de perfumaria do país, senão a mais inovadora. Nos três pisos do edifício encontram-se, claro, os perfumes desta marca 100% portuguesa, mas também velas perfumadas com cera vegetal, hidratantes corporais, sprays para tecidos, sabonetes e, no último andar, um Museu do Perfume, que abrirá em setembro com entrada gratuita para explicar todo o processo da conceção das fragrâncias, desde à colheita, passando pela filtragem até às misturas.
O melhor, claro, fica para o fim: o laboratório de perfumaria em que os clientes podem criar a sua própria fragrância. É esta característica que faz da Yntenzo a primeira experience store de perfumaria do país, segundo Daniel Vilaça, o bracarense responsável pela marca. “Há uns anos atrás, quando ainda estava a começar a trabalhar no marketing olfativo, apercebi-me que Portugal não tinha marcas de perfumes. E queria muito ter algo que estivesse um pouco mais à frente das ditas lojas a que chamamos supermercados de perfumes, onde se pode encontrar fragrâncias de várias marcas”.
Já passaram três anos desde que Daniel Vilaça abriu uma fábrica de perfumaria no Norte do país, que produz hoje 20 mil perfumes por dia, não só para a marca própria (Yntenzo), mas também para outras empresas nacionais e algumas internacionais que lhe pedem perfumes, ambientadores e outras linhas de cheiro. Um investimento de mais de dois milhões de euros, que inclui ainda um “nariz digital“, um cromatógrafo que permite separar todos os 200 a 300 componentes de um perfume, garantido a consistência da formulação.
Daniel domina hoje o léxico e a metodologia da indústria. Um longo caminho percorrido desde 2006, quando ainda trabalhava como designer. As viagens para fora do país eram frequentes e foi numa delas que descobriu uma empresa de marketing olfativo. “Há 13 anos, falar de marketing olfativo em Portugal era quase um bicho para muita gente. Mas eu gostava muito de marketing já na altura e comecei a fazer campanhas para marcas”, começa por explicar o responsável da Yntenzo, resumindo: “Criava identidades olfativas e os clientes iam-me pedindo mais. Um perfume, um ambientador e assim fomos crescendo. Depois em 2016 começámos a criar a fábrica”.
No entanto, faltava-lhe criar uma marca própria, 100% portuguesa. Os anuais congressos de perfumaria em Milão deram-lhe conhecimento sobre as tendências e o futuro da perfumaria. “Percebi que se procura cada vez mais uma personalização do perfume, ingredientes naturais e um atendimento diferente”. Foi assim que criou a Yntenzo, a perfumaria de nich onde as fragrâncias têm aromas tão diferentes como castanha e pimento verde, mas também cheiros mais florais. “São perfumes mais fortes, quando comparados aos das lojas tradicionais. Em Portugal, ainda não estamos muito habituados a estas fragrâncias mais fortes, porque as que compramos normalmente são feitas para agradar a um grande número de pessoas”, vinca.
Os preços dos perfumes da Yntenzo variam entre os 45 a 150 euros, no entanto, qualquer cliente pode fazer o seu próprio. Existem três workshops, feitos por marcação, e que permitem fazer um ou dois testes, até chegar ao perfume pretendido. Os mais baratos (120 euros) têm a duração de uma hora, já os mais caros custam 140 euros e incluem ainda uma explicação sobre a história da perfumaria.
E desengane-se quem pensa que as mulheres só gostam de perfumes doces ou florais. “Apesar das linhas femininas serem tipicamente mais florais, a verdade é que hoje em dia há cada vez mais mulheres a procurar perfumes ditos de homem”, refere Daniel. Entre as novas tendências estão também os perfumes com cheiros orientais. Em caso de dúvida, o melhor é mesmo ir experimentar.
Estes 20 perfumes candidatam-se a ser os seus preferidos esta primavera