Zelensky fala ao parlamento português. Rita e Alina querem que ele peça ação

Zelensky
[Fotografia: Handout / UKRAINE PRESIDENCY / AFP]

“Quero que ele pergunte aos portugueses se sabem o quão profissional e trabalhador é o nosso povo, e se merece ser deixado a morrer ou se merece ser evocado e tomado como exemplo”, pede Rita. Alina antecipa: “Zelensky vai pedir ajuda e fazer uma nota de agradecimento aos portugueses pelo apoio que têm dado a esta onda de refugiados ucranianos.”

Rita Markytan [Fotografia: Instagram]
Rita Markytan tem 20 anos, é manequim e é originária de Kyiv, capital ucraniana. Alina Schevchenko tem 40 anos, é comercial e tem família em Kharkiv, a segunda maior cidade do país e muito fustigada desde o início da guerra, a 24 de fevereiro, pelos ataques russos.

Alina Shevchenko [Fotografia: facebbok]
A primeira estava em trabalho no Porto quando a guerra eclodiu, a segunda vive em Leiria, está em território nacional há 16 anos, viu pela televisão o bombardeamento ao prédio dos pais, quatro dias depois do início da guerra, a 28 de fevereiro.

É também uma das ucranianas que está a dar voluntariamente aulas de português a refugiados que estão alojados no estádio de futebol da cidade.

Agora, no momento em que o parlamento português se prepara para escutar, por videoconferência, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, esta quinta-feira, 21 de abril, às 17 horas, Rita e Alina contam ao Delas.pt o que aguardam do chefe de Estado do seu país.

“Creio que não dirá nada de muito diferente do que já disse noutros parlamentos, no Mundo. Ele precisa mesmo da ajuda da União Europeia. Hoje acontece connosco e amanhã poderá ser outro país que se atravesse no caminho”, analisa Alina.

“Espero que ele fale do quão boa e inspiradora era a Ucrânia é e era antes da guerra, o que não pode ser perdido, e de como o mundo deveria, passo a passo, tomar ação para fazer efetivamente parte do bem”, antecipa Rita.

Shevchenko evoca a importância deste gesto como “uma boa estratégia para continuar a chamar à atenção de todos e para que ninguém esqueça o que está acontecer”. Como a própria Alina revela: “Ao fim de dois meses de guerra, também ela deixa de estar nas manchetes. Até eu, que sou ucraniana e tenho a minha família numa aldeia a 20 quilómetros de Kharkiv, vou-me habituando ao facto de o meu país estar em guerra. E não podemos permitir que isto aconteça”, pede.

Cerimónia mais sóbria, sem honras militares, e com menos convidados

A sessão solene de boas-vindas a Volodymyr Zelensky está marcada para as 17:00 e o discurso terá tradução simultânea: quem estiver presente na Sala das Sessões ouvirá a voz do Presidente ucraniano, com o som da tradução em português por cima, sem recurso a auriculares.

Comparando com outras sessões solenes – como a do 25 de Abril – esta será mais sóbria, sem honras militares, e com menos convidados.

Além do Presidente da República, presidente do parlamento, primeiro-ministro, presidentes dos principais tribunais, antigos chefes de Estado, deputados, eurodeputados, estão também incluídos nos convites outras altas entidades do Estado, como a procuradora-geral da República, a provedora de Justiça, os chefes do Estado-Maior-General das Forças Armadas e dos três ramos, bem como representantes da República para as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira ou os presidentes dos Governos Regionais, entre outros.

Fonte governamental disse à Lusa que, além de António Costa, marcarão presença na sessão a ministra da Defesa Nacional, Helena Carreiras, a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, e o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Francisco André, em representação do ministro João Gomes Cravinho, que está com covid-19.

Para esta cerimónia em concreto, foram ainda dirigidos convites à embaixadora da Ucrânia e outros representantes da comunidade ucraniana em Portugal, como membros de associações e de escolas, bem como representantes de entidades religiosas da comunidade ucraniana em Portugal.

Na sessão solene, apenas intervirão o Presidente da Ucrânia e o presidente da Assembleia da República, sem limite de tempo, sendo depois encerrada a sessão e executados os hinos nacionais dos dois países pela banda da Guarda Nacional Republicana, nos Passos Perdidos.

O PCP anunciou que não irá participar na sessão solene na Assembleia da República, por considerar que Volodymyr Zelensky “personifica um poder xenófobo e belicista”.

A ideia de a Assembleia da República promover uma sessão parlamentar por videoconferência com o Presidente da Ucrânia partiu do PAN e foi aprovada por maioria, apenas com a oposição do PCP.