Publicidade Continue a leitura a seguir

5 livros que se não leu em 2016, tem de ler em 2017

1. Teoria King Kong, de Virginie Despentes, Orpheu Negro, 2016. Baseando-se na sua biografia, a autora do célebre Baise-Moi contesta os discursos bem-comportados sobre a violação, a prostituição e a pornografia. Um manifesto iconoclasta e irreverente para um novo feminismo. "Escrevo da terra das feias, para as feias, as velhas, as machonas, as frígidas, as malfodidas, as infodíveis, as histéricas, as taradas, todas as excluídas do grande mercado das gajas boas. E começo por aqui para que as coisas sejam claras: não peço desculpa de nada, não me venho lamentar."
2. Problemas de Género – Feminismo e subversão da identidade de Judith Butler, Edições Civilização Brasileira, 2015. Este livro, Judith Butler apresenta uma crítica contundente a um dos principais fundamentos de movimento feminista: a identidade. Para Butler, não é possível que exista apenas uma identidade: ela deveria ser pensada no plural, e não no singular. Ou ainda, não é possível que haja a libertação da mulher, a menos que primeiro se subverta a identidade de mulher.
3. Manifesto Contrassexual, de Beatriz (Paul) Preciado, Edições Unipop, 2015. Com um tom satírico e corrosivo, este livro traça a genealogia das tecnologias que criam a diferenciação sexual, demonstrando como a sua pretensa naturalidade é produzida por tecnologias sociais, políticas e somáticas. O sexo, diz-nos Preciado, não é a base fixa do género: é preciso olhar o corpo e vê-lo como construído; aí poderemos encontrar novos espaços de resistência.
4. Persépolis, de Marjane Satrapi, Edições Contraponto, 2012. É a autobiografia em quadrinhos da iraniana Marjane Satrapi. Quando tinha apenas 10 anos foi obrigada a usar um véu islâmico, numa sala só de meninas. Nascida numa família moderna e politizada, em 1979 assistiu ao início da revolução, que lançou o Irã nas trevas do regime xiita, 25 aos depois com uma visão politizada, Satrapi quebrou série de preconceitos das mulheres islâmicas e revelando as suas condições.
5. As coisas que os homens me explicam, de Rebeca Solnit, Quetzal Editores, 2016. Conjunto de textos em que a desigualdade de género é analisada através de diferentes manifestações de violência contra as mulheres, facilmente observáveis mas quase sempre desvalorizadas pela sociedade em geral. Começando pelo tratamento condescendente até ao silenciamento das mulheres: a descredibilização, a exploração, a agressão física, a violência, a morte.

Publicidade Continue a leitura a seguir

Há muito que autoras (e também autores) trabalham temáticas feministas, mesmo antes de se ter tornado moda e de apelar às vendas. Desta vez, deixemos os homens (nascidos homens) fora da lista (por uma questão de síntese) e foquemo-nos nas mulheres que o têm feito.

Poucas vezes é mencionado que a escritora inglesa Virginia Woolf, célebre por livros como ‘Mrs. Dalloway’ e ‘As Ondas’, é também autora de um importante ensaio, ‘Um Quarto Só Para Si’ (Relógio D`Água Editora), que marcou a luta feminista a partir dos anos 20. Também Margaret Atwood, a escritora canadiana, é responsável por personagens femininas que não obedecem a cânones habituais (p. ex. em ‘Odisseia de Penélope’, Teorema Editora, entre outros) e Clarice Lispector ainda que o feminismo não tenha sido o objetivo da escrita, poucos livros de ficção serão mais feministas que, por exemplo, ‘A Paixão Segundo G.H.’, Relógio D`Água Editora; a mítica Simone de Beauvoir com o supracitado ‘O Segundo Sexo’ (Quetzal Editores). Ou recuemos mais ainda, e deparamo-nos, p. ex., com o feminismo na escrita de Jane Austen e das irmãs Brontë. Resumindo, e congratulando-nos por tal, são muitas as obras de cariz feminista disponíveis para escolha.

Aqui fica, então, uma lista de sugestões literárias feministas contemporâneas. Os nomes e as respetivas obras de autoras relevantes no panorama atual, que trazem essencialmente, um novo olhar com conteúdos inéditos às questões feministas, hoje.