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Cancro: Cerca de metade das mortes poderiam ser evitadas

Percorra a galeria e fique a conhecer as 12 recomendações do Código Europeu Contra o Cancro e que vão ser discutidas a partir de amanhã, 10 de novembro, em Coimbra. [Fotografias: Shutterstock]
Peso corporal saudável: O peso e a saúde estão absolutamente correlacionados e há maus hábitos que podem, entre outras doenças, causar cancro. As melhores recomendações passam por ter uma alimentação saudável e pela prática do exercício físico. Estima-se que, na Europa, os que seguem têm hábitos de vida saudável - e seguindo as recomendações – registam menos 18% de hipótese de desenvolver a doença, ao contrário dos que não o fazem. É de evitar o consumo de alimentos que promovem o aumento de peso, tais como bebidas açucaradas e refeições rápidas.
Alimentação: Quanto mais prevenir com alimentação cuidada, equilibrada e saudável, melhores possibilidades existem de sobreviver sem doenças. Não será para sempre, é certo, mas poderá adiar problemas de saúde por muitos e bons anos. E a dieta mediterrânica, com a qual os portugueses estão bem familiarizados, é uma das melhores e mais saudáveis opções.
Sol: Mais do que os raios que se podem observar, o maior perigo chega dos que nos são invisíveis. A radiação ultravioleta, necessária para que seja possível o corpo melhor absorver a vitamina D, pode causar danos na pele e cancro.
Tabaco: Considerada uma das principais causas de morte e doenças evitáveis a nível mundial, o tabaco lidera a lista como principal fator causador de cancro e mata mais de metade dos fumadores de longo prazo. Contas feitas, o consumo desta substância provoca, anualmente cerca de 6 milhões de mortes e mais de meio bilião de dólares de prejuízos económicos em todo o mundo.
Fumo passivo: Estar ao lado de pessoas que fumam também traz efeitos nefastos para a saúde. Mesmo que não se fume, mas que se conviva com quem o faça, é certo que tal traz doenças evitáveis, e uma delas é o cancro.
Poluição: São milhares as substâncias naturais ou criadas presentes no ambiente, muitas delas químicas, e que promovem doenças. Mais do que esperar que os outros o façam por nós, é importante lembrar que todos e cada um de nós, em casa, no trabalho ou no quotidiano, podem tomar medidas para deixar o mundo ecologicamente melhor.
Atividade física: O sedentarismo é outra das grandes causas de doença. A atividade física, mesmo que moderada e por, pelo menos, 30 minutos por dia, promove melhor saúde.
Amamentação e terapia hormonal: Dar de mamar nos primeiros meses de vida do bebé é saudável para a criança, mas pode ser muito importante para a mãe. Há indicações que apontam para a amamentação como um facto de redução do risco de cancro da mama. Já a medicação de substituição hormonal com hormonas femininas - que consiste num tratamento médico utilizado para aliviar os sintomas da menopausa – podem ter efeitos secundários. É muito importante falar e ser acompanhada por um médico nesta fase da vida da mulher.
Vacinação e infeções: o Código Europeu lembra que “poucas pessoas associam infeção a cancro, mas quase um quinto de todos os cancros no mundo é causado por agentes infecciosos, incluindo vírus e bactérias”. Entre as infeções mais comuns estão a do HPV - que já tem vacina -, por vezes “suscetíveis de provocarem a maioria dos cancros do colo do útero e anais, bem como uma fração dos cancros orais; o vírus da hepatite B (VHB) e o vírus da hepatite C (VHC)”, lê-se no documento.
Álcool: Não faltam estudos, investigações médicas e provas consolidadas de que há uma correlação entre o risco de cancro e o consumo de álcool.
Radiação: O rádon, ou radão, é um gás natural radioativo que está bastante presente nas nossas vidas. É possível encontrá-lo, por exemplo, nos solos ou nas materiais de construção que têm por base o granito. Em exposição prolongada, trará doenças.
Rasteio: Muitos dos cancros podem ser diagnosticados e tratados antes de causarem sintomas, ou seja, podem ser detetados ainda na fase do rastreio, evitando assim a mortalidade por via daquela doença. “Na União Europeia, recomenda-se o rastreio do cancro do intestino, da mama e do colo do útero”, relembra a mesma entidade no seu site.

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Carlos Oliveira, presidente do Núcleo do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) considerou esta quinta-feira, 9 de novembro, que quase metade das mortes por cancro no mundo podiam ser evitadas se fossem seguidas as atuais 12 recomendações do Código Europeu Contra o Cancro.

“Estima-se que podem ser evitadas no mundo quase metade das mortes por cancro, se forem tidas em linha de conta as 12 recomendações do Código Europeu Contra o Cancro, que no fundo são medidas para reduzir o risco de cancro“, sustentou.

Na galeria acima fique a conhecer as 12 recomendações que vão estar em destaque

Estas 12 recomendações serão abordadas num congresso promovido pela Liga Portuguesa Contra o Cancro, na sexta-feira e no sábado, em Coimbra.

De acordo com as Estatísticas das Causas de Morte de 2015, foram mais de 27 mil e 200 as pessoas que, em Portugal, sucumbiram vítimas de tumores. Neste capítulo, os homens representam a maior fatia (16.210) face às mulheres (11.021)

“Decidimos fazer este congresso com vertente científica muito grande, pois vamos ouvir pessoas, muitas delas ligadas diretamente à produção do próprio Código Europeu Contra o Cancro, desenvolvido pelo Centro Internacional de Investigação do Cancro (IARC), da Organização Mundial da Saúde”, revelou à Lusa.

Carlos Oliveira explicou que durante os dois dias estão em debate temas como o tabaco, não só do ponto de vista do fumador, mas também do fumador passivo.

A obesidade e o cancro da mama e da próstata

“Será abordada a questão da obesidade, que é responsável por aumentar o risco de cancro de mama em mulheres depois da menopausa, assim como do cancro da próstata e do colorretal. Será realçada a importância da atividade física, que não é a mesma coisa que o exercício físico“, acrescentou.

A par disto, será feita recomendação para que se pratique uma alimentação saudável, “seguindo-se a dieta mediterrânica, que era aquela que se devia fazer”, aludindo ainda ao consumo moderado de álcool e à proteção à exposição solar.

O cancro profissional: um tema em análise

“Uma outra indicação, que é das mais seguidas em Portugal, porque existe muita legislação, é em relação ao cancro profissional, nomeadamente em relação à proteção dos trabalhadores a exposição a substâncias cancerígenas. Também o problema das radiações, nomeadamente o radão, será abordado“, referiu.

De acordo com Carlos Oliveira, será ainda discutido um tema que não vem tendo consenso e que tem a ver com a amamentação e o risco do cancro da mama.

“Também se chama a atenção para as hormonas de substituição da menopausa, em que algumas poderão aumentar ligeiramente o risco de cancro da mama e isso tem de ser avaliado”, apontou.

A importância das vacinas também estará no centro da discussão, nomeadamente a da Hepatite B e do HPV, que fazem parte do plano nacional de vacinação. “Finalmente, o 12.º ponto em análise é o dos rastreios organizados“, concluiu.

O Código Europeu Contra o Cancro resulta de uma iniciativa da União europeia nos anos 80 do século XX, onde foi desenvolvida uma campanha que se intitulou “Europa contra o cancro”, muito focada na prevenção. Este Código Europeu vai sendo atualizado consoante a evolução do conhecimento científico, estando já na sua quarta edição.

CB com Lusa

Imagem de destaque: DR