Foi ela quem ousou romper com a tradição. Dançarina no Casino de Paris, tinha então 18 anos e foi a única a aceitar o desafio proposto por Louis Réard: desfilar uma criação para a qual o estilista se inspirou no Atol de Bikini, nas ilhas Marshall, Pacífico Sul, onde quatro dias antes os norte-americanos tinham realizado a quarta explosão nuclear da História. O dia escolhido por Réard foi o de 5 de julho de 1946. O local a beira da Piscina Molitor, na capital francesa. A estrela que lhe emprestou o corpo: Micheline Bernardini.
O fato de banho dividido em duas peças – “mais pequenas do que o mais pequeno fato de banho” e até mais reduzidas do que os biquínis utilizados desde os anos 30, com cintura subida e umbigos tapados – teve ampla divulgação na imprensa internacional, contra os desejos dos mais conservadores.
Só a partir de meados da década de 1950 conseguiu conquistar um lugar nos guarda-roupas. Brigitte Bardot, Marilyn Monroe, Raquel Welch, Jayne Mansfield e Ursula Andress usaram-no no cinema e fora dele, ajudando a mudar as mentalidades das mulheres que naquela época começavam a acreditar serem donas dos seus próprios corpos. Mais recentemente, Bo Derek, Carrie Fisher, Angelina Jolie e Halle Berry seguiram-lhes os passos.
A vida de Bernardini não deve ter voltado a ser a mesma desde o momento proporcionado por Louis Réard. Sobre os anos que se sucederam a ter desfilado na Piscina Molitor pouco se sabe. Apenas que, nos dias seguintes, recebeu qualquer coisa como 50 mil cartas de fãs nos dias seguintes.