Europa. Metade do mel importado está sob suspeita de adulteração

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[Fotografia: Pexels/Mareefe]

Metade do mel que chega e é comercializado na União Europeia (UE) está sob suspeita de adulteração, sobretudo devido à adição de xaropes de açúcar, segundo uma averiguação das autoridades europeias, publicada nesta quinta-feira, 23 de março, e que destaca produtos procedentes de China e Turquia. Recorde-se que a UE importa cerca de 40% de todo o mel que consome.

A investigação levada a cabo pela Comissão Europeia de Luta contra a Fraude (OLAF) mostra que, das 320 amostras controladas em 16 Estados-membros da UE, cerca de 46% são suspeitas de violar as normas, muito acima dos 14% registados no último estudo, realizado entre 2015 e 2017.

De acordo com a análise, 74% das 89 remessas de mel originárias da China foram consideradas suspeitas, assim como quase todas as que foram importadas da Turquia (14 de 15). Os dez embarques que entraram pelo Reino Unido foram considerados não conformes, “provavelmente porque se misturam com mel produzido noutros países antes da reexportação”. Também há mel proveniente de Ucrânia, México e Brasil.

A principal técnica fraudulenta usada é a adição de xaropes de açúcar (de arroz, trigo ou beterraba) para fazer baixar o preço, mas o relatório também menciona o uso de aditivos e corantes, além da falsificação das informações de rastreabilidade.

Dos 123 exportadores de mel para a Europa, 70 são suspeitos de adulterarem os seus produtos, e dos 95 importadores europeus controlados, dois terços são afetados por pelo menos um lote suspeito. Até hoje, “44 operadores na UE foram investigados e sete foram sancionados”, afirma a OLAF.

Das 21 amostras recolhidas e analisadas em França, apenas quatro eram “mel verdadeiro”. Na Alemanha, que concentra um terço das importações europeias, metade das 32 amostras recolhidas era suspeita. “Este resultado alarmante demonstra que o mercado europeu é uma verdadeira peneira, que permite a quem é fraudulento vender os seus produtos falsos”, afirmou a ONG de defesa dos consumidores Foodwatch.

A organização também pede “meios de controlo adequados, uma tecnologia harmonizada para detetar a fraude e obrigações de transparência na informação fornecida”. “A opacidade dos alimentos fraudulentos deve ser corrigida urgentemente”, exigiu a Foodwatch.