Inteligência artificial cria primeira estátua e pode ser vista no museu

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[Fotografia: Jonathan NACKSTRAND / AFP]

Museu sueco exibe “a estátua impossível”, uma obra criada por programas de inteligência artificial (AI), treinados pelas criações de cinco escultores, entre eles Michelangelo, Rodin e Takamura.

“É uma estátua verdadeira, criada por cinco mestres diferentes, que nunca poderiam ter colaborado na vida real”, explicou à AFP Pauliina Lunde, porta-voz da Sandvik, empresa que concebeu a escultura, usando três programas de IA.

A obra, exposta no museu de tecnologia de Estocolmo, é de aço inoxidável, mede 150 cm de altura e pesa 500 kg. Representa uma mulher com metade do corpo coberto por uma espécie de túnica, segurando um globo de bronze na mão esquerda.

A ideia era conceber uma criação que misturasse os estilos de cinco escultores famosos que marcaram sua época: Michelangelo (Itália, 1475-1564), Auguste Rodin (França, 1840-1917), Käthe Kollwitz (Alemanha, 1867-1945), Kotaro Takamura (Japão, 1883-1956) e Augusta Savage (Estados Unidos, 1892-1962).

“Sua aparência é um tanto estranha, pode-se perceber que não foi criada por um ser humano”, disse Julia Olderius, encarregada de inovação do museu.

A musculatura é inspirada na obra de Michelangelo e a mão remete às criadas por Takamura.

Para produzir a obra, os engenheiros da Sandvik alimentaram os sistemas de IA com inúmeras imagens de esculturas desenvolvidas por estes artistas.

Em seguida, o programa propôs várias imagens em 2D que, na avaliação, refletiam aspetos-chave de cada um dos artistas. “Os nossos engenheiros integraram estas imagens em 2D num modelo 3D, e a partir daí, concentramo-nos na fabricação”, explicou Olderius.

Ao observar a escultura, a pergunta que vem à mente é se é uma obra de arte. Para Olderius, sim, embora acredite que quem deve decidir é o público.

Ela também se mostrou otimista sobre a questão mais ampla da influência da inteligência artificial no mundo da arte.

“Não deveríamos temer o que a IA está a fazer com a criatividade, o conceito, a arte e o design”, afirmou. “Penso apenas que temos que nos adaptar a um novo futuro”, no qual a tecnologia vai ocupar um lugar de pleno direito na criação e no design.