Utilizadoras de ‘apps’ menstruais notam aumento de anúncios sobre fertilidade. Proteção de Dados sem queixas

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[Fotografia: Pexels/Cottonbro Studio]

A investigação ainda agora começou com o organismo regulador de proteção de dados britânico, o Information Commissioner’s Office (ICO), a pedir mais colaborações e testemunhos de mulheres que usem aplicações para monitorizar ciclos menstruais.

Porém, os primeiros dados já revelados indicam que, entre as principais preocupações das utilizadoras – estima-se que um terço do total de mulheres -, estão a transparência dos dados (59%) e a segurança das informações que submeteram na app (57%).

Mais de metade das entrevistadas desta amostra que usa aplicações para contabilizar o período notou um aumento de publicidade relativa a anúncios relativos a fertilidade e ao universo dos bebés. E se uma parte das inquiridas não se sentiu melindrada com este aumento, 17% reportou maior angústia por estar a sentir que recebe mais publicidade daquela natureza.

“Estas estatísticas sugerem que a segurança dos dados é uma preocupação significativa para as mulheres no que respeita à escolha de uma aplicação para monitorizar as menstruações ou planear ou prevenir uma gravidez”, refere a vice-comissária de política regulatória da ICO, em comunicado que pode ser lido no original aqui. Atitudes que não surpreendem Emily Keaney por se tratar de “informação incrivelmente sensível e pessoal das utilizadoras”.

Em Portugal, fonte oficial da Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD) diz à Delas.pt que “não foram recebidas participações relativas a aplicações de controlo de saúde menstrual”. Na mesma resposta, a CNPD afirma não ter emitido “qualquer deliberação sobre a matéria”. Porém, ressalva, na mesma reposta por escrito, que “a relação entre a subscrição de apps (em geral a disponibilização de dados pessoais) está diretamente relacionada com o aumento do recebimento de marketing”, “não é uma realidade específica destas apps, mas da grande maioria das apps”.

A responsável espera que, “tal como acontece com todas as apps de saúde, estas organizações protejam a privacidade das utilizadoras e tenham políticas transparentes em vigor”.

Os próximos passos do regulador britânico de proteção de dados passarão por investigar se as políticas de privacidade anunciadas pelas app são claras ou confusas, se estas estão ou não a guardar volumes desnecessários de dados e se os utilizadoras estão efetivamente a receber publicidade não solicitada e perturbadora.