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13 momentos-chave do caminho para a igualdade

1893, direito ao voto. As mulheres puderam votar pela primeira vez na Nova Zelândia, em 1893, na sequência de uma petição com 32.000 assinaturas apresentada pela sufragista Kate Sheppard. Esse direito estendeu-se à Austrália em 1902, à Finlândia em 1906, em 1918 ao Reino Unido e em 1920 aos Estados Unidos da América.
O direito ao voto chegou Egito chegou em 1956, mas na Arábia Saudita as mulheres só puderam votar em dezembro de 2015, ou seja, 122 anos após o primeiro voto feminino.
1903, o primeiro Nobel. Marie Curie foi a primeira mulher a conquistar um prémio Nobel: em parceria com o marido Pierre Curie e Henri Becquerel, recebia o da Física em 1903. Repetiria o feito, desta vez sem parcerias, em 1911, quando lhe foi atribuído o da Química.
Entre 1901, quando o prémio foi criado, e 2015 apenas 49 mulheres mereceram a distinção, num total de 900 laureados. A mais recente – e mais jovem – foi a paquistanesa Malala Yousafzai, galardoada com o Nobel da Paz em 2014, com apenas 17 anos. REUTERS/Matt Dunham
1909, o dia na origem do Dia. O Dia Internacional da Mulher, 8 de março, foi declarado pelas Nações Unidas em 1975 mas o primeiro Dia da Mulher celebrou-se nos Estados Unidos a 28 de fevereiro de 1909, em homenagem a uma greve de operárias têxteis nova-iorquinas reivindicando por melhores condições de trabalho ocorrida no ano anterior. Associada à data está também a morte, em 1911, de mais de uma centena de trabalhadoras de uma fábrica, igualmente têxtil e em Nova Iorque, num incêndio: o edifício estava fechado à chave para evitar interrupções no horário laboral, impedindo-as de escapar… A maioria das vítimas era jovem e imigrante. O desastre levou à criação de legislação sobre segurança no trabalho e trabalho infantil.
As mulheres de São Petersburgo fizeram greve a 8 de março de 1917 reclamando por “paz e pão”, acontecimento que contribuiria para a queda do czar Nicolau II e o início da Revolução Russa.
1911, primeira mulher vota em Portugal. Carolina Beatriz Ângelo foi a primeira cirurgiã portuguesa e também a primeira mulher a votar, nas Eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, em 1911. A lei permitia-o a quem soubesse ler e fosse chefe de família, o que era o seu caso, dado ser viúva. Este “buraco” legal viria rapidamente a ser corrigido: dois anos depois apenas os homens podiam participar nas eleições. O direito ao voto só se tornaria universal após 25 de Abril de 1974.
1960, mulheres na liderança. Sirimavo Bandaranaike ficou na história ao tornar-se a primeira primeira-ministra de um país, o Sri Lanka, em 1960. Indira Gandhi passaria a governar a Índia em 1966. Profimedia.com, Everet
Na Europa, Margaret Thatcher chegaria ao poder em 1979, o mesmo ano em que Maria de Lurdes Pintasilgo ( na foto) governou Portugal, durante 125 dias. Benazir Bhutto seria a primeira a chefiar um estado muçulmano, entre 1988 e 1996. Já a primeira presidente foi Khertek Anchimaa-Toka que, entre 1940 e 1944, liderou Tuva, hoje República da Federação Russa.
1960, pílula, “produto do demónio”. Foi legalizada nos Estados Unidos em 1960, ficou disponível em vários países europeus no ano seguinte e chegou a Portugal em 1962 – prescrita como método de regulação do ciclo menstrual, considerada abortiva e por muitos rotulada como “produto do demónio”. Ao permitir que as mulheres pudessem decidir quantos filhos ter, e quando, mudaria para sempre a sexualidade feminina.
1968, os soutiens queimados. Sim, o grupo New York Radical Women pretendia fazer uma bela fogueira com lingerie, panos de pó e outros objetos considerados instrumentos de tortura feminina durante o concurso Miss América de 1968 mas o fogo acabou por não ser ateado devido à intervenção da polícia. O mito foi criado pela imprensa e persiste, muitos anos depois. Na verdade, só a atitude foi incendiária, dando grande visibilidade ao Movimento de Libertação
1971, Três Marias portuguesas. Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa são as Três Marias que escreveram em conjunto 'As Novas Cartas Portuguesas', livro publicado em 1971 e considerado pornográfico e atentatório da moral pública pelo regime. Foi uma pedrada no charco ao reivindicar direitos e liberdades que socialmente estavam vedados às mulheres, constituindo um marco no discurso feminista em Portugal. Maria Teresa e Maria Isabel fundariam o Movimento de Libertação das Mulheres, que também pretendeu queimar soutiens (à semelhança do que acontecia em iniciativas internacionais) sem sucesso: a queima aconteceria numa manifestação no Parque Eduardo VII, em 1975, mas a divulgação na imprensa atraiu uma multidão de homens que boicotou o momento simbólico.
2010, Oscar de realização e discursos de protesto. Pela primeira vez uma mulher ganhava o Óscar de realização: Kathryn Bigelow conquistou-o com o filme 'Estado de Guerra', na 82ª edição dos prémios que Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos da América atribui desde 1929. Em 2015, a cerimónia ficaria marcada pelo discurso de Patricia Arquette, vencedora do Óscar para melhor atriz secundária pelo seu desempenho em 'Boyhood', defendendo salários iguais para homens e mulheres. Foi muito aplaudida, inclusive por grandes estrelas da sétima arte. A igualdade de direitos está consagrada na Carta das Nações Unidas, assinada em 1945, 70 anos antes deste evento, mas as desigualdades persistem e o milionário e glamoroso mundo do cinema não é exceção.
2016, fim do casamento infantil. Num mundo em que 700 milhões de raparigas casaram antes de completarem 18 anos (dos quais 250 milhões com menos de 15 anos), Loveness Mudzuru e Ruvimbo Tsopodz, ambas vítimas dessa “tradição”, conseguiram que o Tribunal Constitucional do Zimbabué tornasse ilegal o casamento antes dos 18. Mas esta está longe de ser uma tradição extinta. Os casamentos forçados de crianças continuam e são mais prevalentes em comunidades assoladas pela pobreza. REUTERS/Amit Dave (INDIA - Tags: SOCIETY) - RTR2Z7GY

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O Dia Internacional da Mulher celebra-se hoje, a 8 de março, e foi instituído pelas Nações Unidas em 1975. Eis alguns momentos históricos, anteriores e posteriores a essa data em que quase todos os países do mundo reconheceram a necessidade de pensar sobre a condição da mulher, que provam que não temos andado a marcar passo… embora o percurso seja, ainda, muito longo.

Teresa Frederico