Agora escolha: quer poupar em T-shirts ou em desodorizantes?

É tempo de começar a ler as etiquetas de composição antes de comprar roupa porque existem materiais, uns mais que outros, que não foram produzidos, por incrível que pareça, para vestir. Permitem embaratecer, de longe, a peça, mas são um atentado odorífero e o que se poupa na T-shirt gasta-se 3 vezes em desodorizante.

A razão maior deste problema chama-se fibraartificial”. A moda é velha, de quando a fibra sintética era nova, mas agora voltou, porque queremos preservar o planeta.

Do início para meados do século XX, a industrialização foi chegando também aos têxteis. E quase de repente, a trabalheira de tosquiar ovelhas e fiar-lhes a lã, ou a canseira escrava de apanhar algodão e dele fazer um fio contínuo, foram substituídas pelo uso das fibras artificiais e das sintéticas. A diferença maior entre estas e as anteriores reside exatamente aqui, estas são man made, feitas pelo homem.

Há um fosso assinalável entre estes dois braços das fibras feitas pelo homem e que resultam de uma massa química que passa através de finos furos, as fieiras, que produzem quilómetros e quilómetros de fio. As fibras artificiais depuram produtos de raiz natural, como o algodão ou o milho e conseguem imitar na perfeição a seda. As sintéticas provêm apenas de produtos químicos, oriundos da industria petroquímica

Sabe aquele anúncio querido e fofo das crianças a dizer que com uma tonelada de garrafas plásticas se fazem não sei quantas T-shirts? É isto mesmo, o que vai vestir é plástico. E o plástico é desagradável ao vestir e a diferença sente-se.

Podemos perceber que nas décadas de 40/50, data da sua maior divulgação, estas fossem à altura, antes de confortáveis, a grande moda. E que valia a pena fazer concessões odoríficas para que nunca se tivesse mais que passar uma camisa a ferro ou se pudesse ter aquela saia plissada com vincos mesmo permanentes.

Se a razão anterior para o sucesso deste tipo de fibra era a moda, hoje em dia passa antes do mais pela consciência eco que cada vez mais pessoas adotam. E se parte do preço a pagar por ainda termos planeta para habitar for transpirar um bocadinho mais, seja.


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O novo sucesso das fibras artificiais e sintéticas não é apenas ecologista e desinteressado. Muitos dos efeitos à la Miyake, de pregas, amachucados, refegos, plissados, ondas, tudo o que necessite de permanência na forma, passa muitas vezes pelo uso exclusivo de tecidos à base de fibras sintéticas e artificiais, que sob a pressão e o calor ganham definitivamente a forma escolhida.

Muitas vezes convivem na mesma peça fibras tanto artificiais ou sintéticas com naturais, para que de alguma forma a peça fique mais barata e dure mais tempo. Faça as contas, mas se as man-made pesarem muito mais na percentagem, já sabe, compre um desodorizante mais eficaz.

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