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Cármen Lúcia, a mulher que quer acabar com os motins nas prisões do Brasil

Familiares dos detidos esperam por notícias à porta da prisão Anisio Jobim (REUTERS/Ueslei Marcelino)
Alguns corpos foram decapitados o que tem demorado a identificação das vítimas, deixando os familiares em desespero (Fotografia: REUTERS/Ueslei Marcelino)
Uma mulher chora ao saber que o marido é uma ads vítimas mortais do motim. (Fotografia: REUTERS/Ueslei Marcelino)
A falta de notícias sobre os detidos tem gerado revolta entre os seus familiares (Fotografia: REUTERS/Ueslei Marcelino)
Com receio de represálias, algumas mulheres cobrem o rosto enquanto esperam por notícias dos familiares detidos (REUTERS/Ueslei Marcelino)
O motim na prisão Anisio Jobim fez 56 mortos. (Fotografia: REUTERS/Ueslei Marcelino)
A imagem de uma carrinha transportando vários caixões de madeira tornou-se num símbolo do massacre (Fotografia: REUTERS/Ueslei Marcelino)
O motim em Manaus foi o mais mortífero em prisões brasileiras, desde o massacre de Carandiru, em São Paulo, no ano 1992, que fez 111 mortos. (REUTERS/Ueslei Marcelino)
Além dos 56 mortos no Complexo Penitenciário Anisio Jobim, registaram-se mais quatro mortos na Unidade Prisional de Puraquequara, também em Manaus (Fotografia: REUTERS/Ueslei Marcelino)
Perante a dimensão do massacre na capital do estado do Amazonas, os peritos do Instituto de Medicina Legal redobram esforços (Fotografias: REUTERS/Ueslei Marcelino)
Uma mulher chora depois de recebera notícia de que o irmão é um dos detidos mortos no motim que resultou de confrontos entre fações criminosas rivais (REUTERS/Ueslei Marcelino)

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A situação “é grave e vai explodir”. É assim que Cármen Lúcia, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) brasileiros, analisa os motins que, entre domingo e segunda-feira, provocaram 60 mortos, em duas prisões de Manaus, no estado do Amazonas.

A frase, citada pela imprensa do país, resume a preocupação da magistrada não só com este massacre em particular, resultado de conflitos entre fações criminosas rivais, mas, sobretudo, face à sobrelotação atual dos estabelecimentos prisionais do Brasil, que aliada à falta de estruturas facilita a ação interna dessas fações.

Eleita para ministra do Supremo Tribunal Federal em 2006, pelo então presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, Cármen Lúcia tem vindo, nos últimos anos, juntamente com outros especialistas, a alertar para essa situação e reforçou isso mesmo, esta semana, ao jornal ‘Folha de São Paulo’.

“A gravidade do quadro, embora não inesperada, porque devidamente avisada, convoca a responsabilidade máxima das instituições”, afirmou àquela publicação a presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, que esta quarta-feira (4 de janeiro) se reúne com o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, e que na quinta-feira viaja para Manaus, para se encontrar com os presidentes dos Tribunais de Justiça da região norte do país.

Uma das medidas defendidas por Cármen Lúcia é um recenseamento da população prisional, realizado com a intervenção de diferentes entidades, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Conselho Nacional de Justiça e o Exército.

No ano passado, na qualidade de presidente do CNJ, entidade responsável pela fiscalização dos serviços prisionais, a magistrada fez várias visitas surpresa a diferentes estabelecimentos, com o objetivo de avaliar as condições das estruturas e respetivo funcionamento.

O Complexo Penitenciário Anísio Jobim, onde começou o motim de Manaus e onde morreram 56 dos 60 detidos – os restantes quatro perderam a vida num outro presídio da região – tinha quase o triplo do número de reclusos para a sua capacidade, tendo sido classificado de “péssimo” na inspeção feita pelo CNJ, em outubro passado.

O motim de Manaus é o mais mortífero desde o massacre do Carandiru, no ano de 1992, em São Paulo, que fez 111 mortos, entre os reclusos.

 

Imagem de destaque: REUTERS/Ueslei Marcelino