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Candidatas a Miss Peru trocam as (suas) medidas por números de violência doméstica

Camila Canicoba Llaro (Lima)- “As minhas medidas são: 2202 casos de feminicídio registados, nos últimos nove anos, no meu país”.
Karen Cueto Astete (Lima)- “As minhas medidas são: 82 feminícidios e 156 tentativas, no último ano”
Melody Calderón Vega (La Libertad) - “As minhas medidas são: 81% de agressores a meninas menores de cinco anos são próximos da família”
Samantha Batallanos Cortegana (Lima)- “As minhas medidas são: uma menina morre a cada dez minutos devido à exploração sexual”
Juana Acevedo Chumpitaz (Lima) - “As minhas medidas são: mais de 70% das mulheres do nosso país são vítimas de assédio na rua”
Luciana Férnandez López (Huánuco) - “As minha medidas são: 13000 meninas sofrem abusos sexuais no nosso país”
Noelia Castro Deza (La Libertad) – “As minhas medidas são: os 300 feminicídios ocorridos este ano”
Melina Machuca Roncal (Cajamarca) - “As minhas medidas são: mais de 80% das mulheres da minha cidade sofrem violência”
Kristel Aranda Schoster (Lima) - “As minhas medidas são: 2971 mulheres com mais de 60 anos são vítimas de violência”
Almendra Marroquín Gonzales (Lima) - “As minhas medidas são: mais de 25% de meninas e adolescentes são abusadas em centros educativos”
Fabiola Diaz Zubiate (Loreto) - “As minhas medidas são: 62,8% de mulheres vítimas de violência são mães”
Bélgica Guerra Guzmán (Ica) - "As minhas medidas são: cerca de 65% das mulheres universitárias são agredidas pelos seus parceiros”
Romina Rozano Saldaña (Callao) - “As minhas medidas são: 3114 mulheres vítimas de tráfico registadas até 2014”
Vania Osusky Elías (Taena) – “As minhas são: as 39412 mulheres, entre os 18 e os 58 anos de idade que sofrem de violência no Peru”
Maria José Seminario (Lima) - “As minhas medidas são: 68,2% das mulheres do meu país sofrem de assédio sexual e psicológico”
Pierina Meléndez Ramos (Tumbes) - “As minhas medidas são: 31,7% das denúncias feitas por mulheres são por violência doméstica”
Pilar Orue Ramirez (Lima) - “As minhas medidas são: 19% de meninas, dos 0 aos 5 anos, são abusadas sexualmente pelos seus pais”
Jessica Mcfarlane Olazabal (Lima) - “As minhas medidas são: de 356 feminicídios, em quatro anos, só 84 resultaram em condenação”
Diana Rengifo Valencia (Ucavali) - “As minhas medidas são: mais de 300 mulheres da minha região são agredidas física e psicologicamente”
Andrea Mogerb Tobies (Loreto) – “As minhas medidas são: as 6000 mulheres loretanas que lutam pela igualdade de género na minha região”
Francesca Chávez Ramirez (Lima) - “As minhas medidas são: 24,1% das mulheres afro-peruanas foram violadas”
Susan Rodriguez (representa os peruanos em Espanha) – “As minhas medidas são: as 62,4% das pessoas que denunciam fazem-nos por questões relacionadas com a violência contra as mulheres”
Kelin Rivera Kroll (Arequipa) - “As minhas medidas são 6573 casos registados de violência contra as mulheres aconteceram na minha região”

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Se houvesse uma coroa dos direitos humanos todas as concorrentes finalistas à última edição da Miss Peru tê-la-iam conquistado.

O concurso deste ano, que decorreu no passado domingo, 29 de outubro, em Lima, foi especial e serviu para alertar para a violência a que as mulheres peruanas estão sujeitas.

Em vez de apresentarem as medidas dos seus corpos (peito, cintura e anca), as candidatas a Miss apresentaram os números e as estatísticas da violência contra as mulheres no Peru.

Uma das responsáveis pela organização do evento, Jessica Newton, afirmou à imprensa que decidiu usar a edição deste ano para chamar a atenção para a violência de género e para empoderar as mulheres.


Veja, na fotogaleria, cada uma das apresentações das candidatas a Miss Peru.


“Voltei ao [concurso] Miss Peru para o converter numa plataforma que empodere as mulheres e sobretudo que sirva de ajuda contra o assédio, os maus-tratos, a violação e ações semelhantes”, disse ao site ‘Perú 21’

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Além dos discursos das candidatas, durante o desfile em biquíni foram sendo mostradas, nos ecrãs, recortes recortes de jornais e revistas sobre casos de mulheres peruanas assassinadas ou agredidas.

“Voltei ao [concurso] Miss Peru para o converter numa plataforma que empodere as mulheres e sobretudo que sirva de ajuda contra o assédio, os maus-tratos, a violação e ações semelhantes”

Jessica Newton, que foi concorrente neste e noutros concursos de beleza, também quis demonstrar, com esta edição, que os estereótipos associados às mulheres que se candidatam a estas competições estão errados.

“Muitas pessoas assumem que as modelos são tontas. Cabe-nos mostrar o contrário”, disse. Da mesma forma, Newton defendeu que as mulheres devem ser livres de vestirem o que quiserem – e até de se despirem se assim o entenderem – e de terem quantos parceiros quiserem sem que lhes seja apontado o dedo. “É decisão de cada uma”, rematou.