Diversidade? Nem por isso! Corpos cada vez mais magros nas passerelles

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[Fotografia: GABRIEL BOUYS / AFP]

A diversidade dos corpos tem vindo a ganhar espaço de debate na moda, mas é apenas na conversa ou a realidade está mesmo a mudar? É possível que o primeiro argumento configure a resposta correta.

Depois de analisados 9137 coordenados apresentados na última temporada em 219 desfiles nas semanas de Moda de Nova Iorque, Londres, Milão e Paris, a Vogue Bussiness, autora do estudo citado pela agência noticiosa AFP, revela que apenas 0,6% das propostas eram plus size, em tamanho 44.

Do total da análise, apenas 3,8% do que foi apresentado compreendia os tamanhos 36 a 42. Contas feitas, todo o restante trabalho criativo apresentado, 95,6%, foi concebido para corpos abaixo do 32 e até ao 34.

É uma ‘lavagem de gordura’”, afirma o sociólogo italiano Paolo Volonte, citado pela AFP. Uma comparação que é feita com a “lavagem verde” (greenwashing) pela qual a indústria da moda é também acusada de fazer promessas climáticas vazias.

Eles usam modelos curvilíneos nos seus desfiles para mostrar inclusão, mas na verdade é para preservar e manter um sistema baseado na tirania do ideal de magreza”, sustenta o sociólogo.

É muito mais caro produzir e vender roupas em tamanhos maiores e exige mais expertise”, lembra Volonte, que também refere o facto de a magreza ter vindo a tornar-se firmemente associada à riqueza – ter tempo e dinheiro para trabalhar o seu corpo – uma aspiração que tem sido enraizada pela publicidade e pelas práticas quotidianas da indústria da moda.

O grupo de defesa de Ozhiganova, Model Law, realizou uma pesquisa na qual conclui que nove em cada dez modelos sentiam pressão para mudar de corpo, mais da metade regularmente. “É muito difícil para eles falarem sobre isso. Se reclamar, toda a gente mundo dirá: ‘Querida, esse é o trabalho’.”

CB com AFP