Filipa Areosa: “Não sei lidar bem com doenças. Tenho muito medo”

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A infância passada ao lado de sete irmãos. O primeiro trabalho como assistente de bordo. A liberdade que Lisboa lhe deu. O desafio de dar vida a uma doente de cancro, na novela da SIC ‘Amor Maior’. Estes foram os temas que dominaram a entrevista de Filipa Areosa no ‘Alta Definição’, este sábado.

A atriz de 26 anos, que recentemente rapou o cabelo em frente das câmaras para retratar a realidade da sua personagem, Mafalda, confessou que o “medo” esteve presente desde o início, desde que aceitou o papel. “Não sei lidar bem com isto das doenças. Tenho muito medo”. Em parte, porque já perdeu a sua avó para o cancro, e porque viu os seus três irmãos mais velhos – filhos de outra mãe -, a perder a progenitora para a mesma doença.

“Se fosse comigo, não sei como iria reagir. Foi difícil tentar perceber como é que uma miúda daquela idade [da sua personagem], que está no seu auge, vê as asas todas a serem-lhe cortadas. Tentar perceber por que é que estas coisas acontecem”, frisou Filipa.

Não foi, por isso, nada fácil superar a cena do corte de cabelo. “O que eu quis fazer foi despegar-me disso, ser forte, não desabar, desvalorizar a doença e pensar ‘Isto não me vai matar, vai deixar-me mais forte’. Mas eu estava com muito medo que a minha reação fosse influenciar aquilo que eu estava a fazer'”, explicou.

“Toquei na cabeça e pensei ‘Felizmente, isto é fácil para mim. Não estou a passar por isto’. Para mim, era apenas uma grande oportunidade enquanto atriz. Tenho tido imenso frio mas, de resto, está a ser ótimo”, relativizou.

Com este papel, Filipa Areosa quer ser muito mais do que uma figura na televisão. Quer ajudar aqueles que passam pelo mesmo na vida real. “Espero que ajude as pessoas a ultrapassar a doença de alguma forma, e que ajude outras a ficarem mais alerta”.

Cada vez mais focada no seu “lado espiritual”, a atriz, namorada do também ator Tiago Teotónio Pereira, aproveitou ainda a entrevista a Daniel Oliveira para denunciar as desigualdades de género no mundo moderno. “Na minha família ainda é muito assim, as mulheres na cozinha e os homens à mesa. É uma coisa que me chateia imenso. Estamos no século XXI, essas regras já não fazem sentido, tem de ser tudo igual”.

Ex-praticante de triatlo, diz que, se comparasse a atual fase da sua vida ao desporto, estaria na prova de natação. “Às vezes pergunto-me se estou na corrente certa”, admitiu. “Parece que somos atores e não passamos disso. Mas somos muito mais. Eu, como ser humano, às vezes pergunto-me até que ponto ser atriz não me limita. Mas, ao mesmo tempo, tem-me aberto muitas portas”.

A atriz que, aos 18 anos, começou por ser assistente de bordo em voos de longa duração, não hesita em apontar Ana Bustorff e Margarida Carpinteiro como duas das pessoas mais importantes no seu percurso profissional. E para o futuro, embora incerto, tem o sonho de ter um “amor maior”. “Um dia, quero muito adotar”, concluiu.