França. 67 alunas recusaram tirar abaya e foram mandadas para casa

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[Fotografia: LOIC VENANCE / AFP]

“Uma grande maioria conformou-se com a interdição [de uso de abaya nas escolas], mas 67 alunas não aceitaram retirar e foram mandadas para casa”, afirmou o ministro da educação francês Grabiel Attal, que avançou um total de 298 pessoas que se apresentaram vestidas com véu na rentrée escolar.

O governante disse que as meninas cuja entrada nas escolas foi recusada receberam uma carta dirigida às famílias dizendo que “o secularismo não é uma restrição, é uma liberdade”. Se voltassem à escola com o véu, seria necessário um “novo diálogo”, disse o ministro.

O regresso às aulas em França está a ser marcada pela proibição do uso deste véu, que cobre o corpo da cabeça aos pés, nas escolas. Uma decisão polémica e pouco consensual que está a dividir o país.

Recorde-se que o governo anunciou no mês passado que estava a proibir a abaya nas escolas, dizendo que violava as regras sobre o secularismo na educação, que já proibiram os lenços de cabeça muçulmanos, alegando que constituem uma demonstração de filiação religiosa.

A medida mereceu aplauso da direita política, mas a extrema-esquerda argumentou que representava uma afronta às liberdades civis.

Uma associação que representa os muçulmanos apresentou uma moção ao Conselho de Estado, o mais alto tribunal de França para queixas contra autoridades estatais, pedindo uma alteração à proibição da abaya e dos qamis, traje equivalente para os homens.

A moção da Ação pelos Direitos dos Muçulmanos (ADM) será examinada ainda nesta terça-feira, 5 de setembro. Uma lei de março de 2004 proibiu “o uso de cartazes ou roupas pelas quais os alunos demonstrem ostensivamente uma filiação religiosa” nas escolas, o que inclui grandes cruzes cristãs, kippas judaicos e lenços islâmicos. Ao contrário dos lenços de cabeça, as abayas ocupavam uma área cinzenta e não tinham sido alvo de nenhuma proibição total até agora.