Irmãs fingiram ser rapazes para manterem barbearia do pai aberta

Irmãs
Fotografia de Satish Kumar Singh

Duas adolescentes foram homenageadas pelo governo da Índia depois de se ter descoberto que fingiram ser rapazes, durante quatro anos, para manter a barbearia do pai aberta, quando o progenitor ficou demasiado doente para trabalhar, em 2014. Inicialmente a barbearia encerrou, mas como era a única fonte de rendimento da família, Neha e Jyoti Kumari, de 16 e 18 anos, respetivamente, decidiram reabri-la.

Apesar de as duas irmãs terem cortado o cabelo, passarem a usar pulseiras prateadas de metal e adotarem nomes masculinos como Deepak e Raju, grande parte dos habitantes da pequena aldeia de Banwari Tola, com apenas cerca de uma centena de casas, conheciam a sua verdadeira identidade. Um espírito conservador com o qual não foi fácil de lidar.

“Tivemos vários problemas ao início. Pessoas daqui maltrataram-nos, mas ignorámos e focámo-nos no nosso trabalho. Nem tínhamos outra opção. Agora já ganhámos confiança e não temos tanto medo“, explicou Neha ao The Guardian.

“Elas são o exemplo brilhante de como se pode sobreviver lutando contra todas as probabilidades.”

Por dia, a dupla de irmãs ganhava pelo menos 400 rupias (4,93 euros). O suficiente para pagar o tratamento do pai e sustentar a família. Como abriam a barbearia só à tarde, puderam também continuar a estudar. Jyoti já terminou os estudos. Neha ainda estuda.

A história das duas adolescentes ficou conhecida depois de um jornalista de Gorakhpur, uma cidade vizinha, ter publicado uma reportagem num jornal indiano.

“Elas são o exemplo brilhante de como se pode sobreviver lutando contra todas as probabilidades. As irmãs são uma inspiração para a sociedade e a sua história deve ser contada às massas”, afirmou Abhishek Pandey, oficial do governo.

Dhruv Narayan, o pai das raparigas, entristece-se sempre que pensa que as filhas têm de ir trabalhar para a barbearia, mas não esconde o orgulho.

“Dói-me muito quando sei que estão na barbearia a trabalhar, mas deixa-me muito orgulhoso das minhas filhas. Tiraram a família de uma crise repentina“, acrescentou Dhruv Narayan.

Fotografia de Satish Kumar Singh

Quase 40% dos suicídios femininos acontece na Índia