Molécula que age na extinção do medo pode ajudar na ansiedade. Descoberta vem de Coimbra

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[Fotografia: Pexls/Engin Akyurt]

E se se trabalhar uma molécula do medo mudar para a forma como hoje em dia é tratada a ansiedade? Investigadores da Universidade de Coimbra identificaram um agente que é responsável pela alteração de memórias do medo.

“Os cientistas acreditam que esta descoberta pode contribuir para criar novas terapias mais eficazes para o tratamento de perturbações de ansiedade. Estas patologias são marcadas por um medo exagerado ou inapropriado e por um défice na extinção do medo, sendo uma das condições de saúde mais prevalentes a nível mundial, agravada pela pandemia”, afirma fonte oficial da Universidade de Coimbra em comunicado enviado às redações esta quinta-feira, 8 de fevereiro.

“Atualmente, uma das opções terapêuticas para as perturbações de ansiedade são as terapias de exposição, que se baseiam no mecanismo de extinção do medo. No entanto, ‘as terapias de exposição, bem como o uso de fármacos, como ansiolíticos e antidepressivos, não são 100% eficazes no tratamento destes problemas de saúde e, por isso, esta investigação abre novas opções terapêuticas para esta categoria de perturbações’”, avança a investigadora do Centro de Neurociências e Biologia Celular da UC (CNC-UC) e do Centro de Inovação em Biomedicina e Biotecnologia (CIBB), Mónica Santos Mónica Santos, citada na mesma nota.

Esta nova investigação, publicada na revista Molecular Psychiatry no artigo científico The amygdala NT3-TrkC pathway underlies inter-individual differences in fear extinction and related synaptic plasticity, revela que a TrkC se apresenta como “potencial alvo terapêutico para indivíduos com doenças relacionadas com o medo, e revela que a combinação de terapias de exposição com fármacos que potenciam a plasticidade sináptica pode representar uma forma mais eficaz e duradoura para o tratamento de perturbações de ansiedade”, acrescenta a também líder da investigação.

Quanto ao futuro, o caminho é “identificar compostos que tenham a capacidade de ativar de forma específica a molécula TrkC e, assim, serem usados como fármacos aliados à terapia de exposição no tratamento de doentes com perturbações de ansiedade”, revela Mónica Santos.