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Os livros que lemos na redação

A minha escolha é 'As meninas proibidas de Cabúl', da jornalista Jenny Nordberg. O livro conta a história de várias mulheres afegãs que por diversos motivos tiveram de se fazer passar por rapazes na infância e adolescência, fosse para conseguir estudar, trabalhar ou simplesmente porque os pais queriam que tivessem mais liberdade do que aquela que era permitida às meninas. Este livro é o resultado de uma investigação jornalística, sendo os factos e episódios nele contados reais. É precisamente isso que torna este livro tão especial. Lançado em 2014, oferece uma perspetiva absolutamente diferente sobre as culturas do Médio Oriente, e revela de forma inequívoca as condições de uma mulher afegã. É um olhar de dentro da barricada, que muda completamente a nossa visão ocidental sobre as mulheres e cultura afegãs. - Margarida Brito Paes, jornalista de moda e beleza
'Os Maias'. Não é muito original, mas também não é um regresso à escola secundária, porque li 'Os Maias' antes do tempo. E depois de o fazer, nunca mais Portugal foi o mesmo aos meus olhos. Naqueles tempos pós-revolução, início dos anos 80, evidenciavam-se tantas e tantas características que Eça colocou em personagens deste livro mítico. E ainda hoje. Para quem leu 'Os Maias' com atenção nada do que é português lhe é estranho. - Catarina Carvalho, diretora editorial
'Pela estrada fora', de Jack Kerouac. Esta escolha deve-se, em grande parte, à maneira peculiar que Kerouac tem de ver o mundo e pela forma como metaforiza a vida e o agora ao longo do livro. - Nuno Mandeiro, estagiário
'Memórias de Adriano de Marguerite Yourcenar. Cada vez mais me convenço que tudo é (poder) político na nossa sociedade. E olhar para um imperador que faz um retrato lúcido sobre a integridade da sua vida muda a perspetiva sobre o lugar da nossa própria vida. É bom não esquecer as quedas, principalmente a do Império Romano. - Bruno Contreiras Mateus, editor multimédia
'Os filhos de Sánchez', de Oscar Lewis. Lisboa: Moraes Editores, 1970. Devora-se como um romance mas, na verdade, é um estudo do antropólogo norte-americano Oscar Lewis publicado em 1961: Jésus Sánchez e os seus quatro filhos, dois homens e duas mulheres, relatam na primeira pessoa a sua vida num bairro de lata da Cidade do México, abordando questões como amor, sexo, família, dinheiro, crime, violência, morte ou religião. “De todas as casas onde vivemos, esta foi a única de que gostei. Gostava muito porque tinha janelas”, revela a dada altura a filha Consuelo. Este livro é uma janela para um mundo desconhecido por muitos mas que existe ainda hoje e aqui mesmo ao lado. - Teresa Frederico, jornalista colaboradora
'Vai aonde te leva o coração', de Susanna Tamaro. A minha citação preferida: “E quando à tua frente se abrirem muitas estradas e não souberes a que hás-de escolher, não te metas por uma ao acaso, senta-te e espera. Respira com a mesma profundidade confiante com que respiraste no dia em que vieste ao mundo, e sem deixares que nada te distraia, espera e volta a esperar. Fica quieta, em silêncio e ouve o teu coração. Quando ele te falar, levanta-te e vai para onde ele te levar." - Patrícia Lourenço, gestora de marca
'Aprender a Rezar na Era da Técnica', de Gonçalo M. Tavares. É o livro que mais vezes li. Não sei dizer quantas, foram muitas. Gostava de ter sido eu a escrevê-lo. - Cláudia Lucas Chéu, escritora colaboradora
'Amor Líquido', de Zygmunt Bauman. Escolhi este livro porque me ajudou a perceber fluidez, pouca profundidade e fragilidade das relações humanas na sua busca pela felicidade. Para o autor, ser feliz depende de dois valores: A segurança e a liberdade. A segurança sem liberdade transforma-se em escravidão. Por sua vez, a liberdade sem segurança perpetua o caos. Todos os dias ganhamos e perdemos um pouco de cada um destes valores, por isso todos os dias nos tornamos mais frágeis e volúveis, num mundo cada vez mais superficial, fluído e veloz, contrário àquele em que acredito. - Celmira Macedo, cronista
'O Fio da Navalha' de William Somerset Maugham. Li-o por três vezes e sempre me revelou algo de novo sobre a natureza humana. No fundo, Larry, a personagem principal, com o seu charme e sabedoria, legitimou a vontade que tenho de arrumar as botas e viver entre um estúdio de yoga e uma biblioteca. - Sara Silva, jornalista colaboradora
'Os Maias', de Eça de Queirós. Li quando tinha 16 anos, integrado no programa de Língua Portuguesa. Convencida que seria uma obra extensa e "carregada", acompanhou-me numa viagem e acabou por ser definitivamente um marco na minha vida em termos de literatura. - Susana Mariano, diretora comercial
'Nos', de Evgueni Zamiatine. É a distopia mais acertada, perturbadora e que melhor antecipou a sociedade que temos vindo a conhecer. - Carla Bernardino, jornalista
'Desamparo', de Inês Pedrosa. É o penúltimo livro da autora portuguesa e um romance sobre sobre o Portugal da crise. Um retrato duro do País, com personagens cansadas, esmagadas, mas também com generosidade e capacidade de amar. Um texto absolutamente limpo, em que todas as palavras fazem ali falta. - Carla Macedo, editora executiva.

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Hoje celebra-se o Dia Internacional do Livro e a equipa do Delas.pt mostra-lhe os livros mais importantes da nossa vida. A escolha é difícil de fazer. A jornalista Margarida Brito Paes teve muita dificuldade em escolher só. O ‘Rio das Flores’ e ‘Madrugada Suja’, ambos de Miguel Sousa Tavares, também podiam compor a galeria que fizemos para si, mas a nossa especialista em moda acabou por optar por uma reportagem em livro sobre as condições de vida das mulheres.

“Sou mulher e escrevo” assim começa ‘A História do Rei Transparente’ de Rosa Montero que a editora executiva do Delas.pt começou a ler em Madrid. Carla Macedo arrepiou-se com esta frase e o impacto deste romance da jornalista espanhola foi muito além das impressões literárias que o livro causou. Mas decidiu escolher um romance de uma portuguesa que a levou às lágrimas, várias vezes.


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Carla Bernardino falou muito de Saramago nas nossas conversas na redação sobre este tema. ‘O ensaio sobre a cegueira’ foi um dos livros citados e muitos de nós concordámos que se tratava de um texto violento e trágico e acutilante, que todos deveriam ler. Mas desta distopia, deste lugar que não existe, passou para outro.

Como vê, não há um só livro na vida de cada um de nós, como não haverá na sua. Deixamos-lhe aqui as nossas escolhas, as nossas recomendações de leitura, certas de que poderá desfrutar tanto destes livros como nós e talvez, a partir deles, sentir mudanças na sua vida, como nós sentimos, pelo menos, na forma de ver o País e o mundo.


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