Apesar dos dias românticos e presentes de São Valentim, as estatísticas são menos otimistas: cerca de 70% dos casamentos acabam mesmo em divórcio. Há, no entanto, muitos casais que conseguem permanecer juntos por muitos e longos anos. E tornar verdadeira a eternidade de um amor. Qual o segredo? “São casais que trabalham essencialmente quatro aspetos essenciais: o agir, o motivar, o aceitar e o respeitar”, explica Fernando Mesquita, psicólogo clínico e especialista em sexologia, que confirma que estes são “os pilares fundamentais de uma relação saudável e feliz”.
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Falar é fácil, dirão muitos, e o especialista concorda. “Se perguntarmos a várias pessoas o que é importante numa relação a dois, muitos falam sobre a comunicação, a intimidade, a partilha…” A teoria até pode estar estudada, mas tudo se complica na passagem à prática. E, aqui, ela não impede as relações de falharem. É que, reforça o especialista, todos nós precisamos de aprender a amar.
O conceito pode ser, para alguns, difícil de perceber, contrariando a ideia de que amar é algo instintivo. “Podemos pensar assim, mas amar é uma coisa que tem que ser aprendida e começa logo na primeira relação que temos, que é a relação com os pais, sobretudo com a mãe”, explica, justificando porque é que muitos têm dificuldade em estabelecer laços afetivos com terceiros: “porque não lhes foi ensinado a amar”.
E se sempre foi assim, ainda mais é hoje, tendo em conta a sociedade em vivemos que, segundo o psicólogo, autor do livro Aprender a A.M.A.R., (edição Chá das Cinco), “mudou a forma como amamos”. A culpa é, garante, dos estímulos constantes, da informação que nos chega de todo o lado. “As pessoas deixam de investir e desistem quando surgem as primeiras dificuldades, ou seja, em vez de procurarem estratégias para mudar, para ver o que está mal com a relação e resolvê-la, muitas optam por desistir”. E passar ao próximo.
O efémero, que conquista cada vez mais espaço, ganha protagonismo no relacionamento a dois. “As pessoas investem pouco em muitas áreas da vida. Investem pouco, por exemplo, na relação com os outros. Se calhar passamos horas a teclar com pessoas que desconhecemos nas redes sociais, mas quando entramos no elevador com os nossos próprios vizinhos, um entra mudo e o outro sai calado. Não se fala.” Num mundo cada vez mais virtual, torna-se difícil o contacto real. “E isso faz com que, assim que surjam as primeiras dificuldades, tenhamos tendência a virar costas.”
A máxima tornou-se: permanecer na relação enquanto esta proporcionar felicidade. “Quando deixar de me sentir feliz a relação não faz sentido, dizem muitos. O problema é que, muitas vezes, nós incutimos a responsabilidade da nossa felicidade no outro, quando nós é que devíamos ser responsáveis por ela”. Mas para aceitar o outro é preciso primeiro, garante, que a pessoa se aceite a si mesma.