Em comunicado, a FMUP revela esta segunda-feira, 4 de outubro, que o estudo, também desenvolvido por investigadores do CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, “testou com sucesso a eficácia da utilização dos microfones incorporados nos ‘smartphones’ para a auscultação pulmonar de doentes“.
A investigação, publicada na revista científica Sensors, mostrou que o ‘smartphone’ pode ser usado como alternativa ao estetoscópio tradicional, uma vez que é “capaz de gravar os sons pulmonares com qualidade e de capturar os sons anormais”, designados ruídos adventícios.
No estudo participaram mais de 130 doentes, maioritariamente com patologias respiratórias, seguidos num hospital português.
Numa primeira fase da investigação, os médicos realizaram a auscultação pulmonar com estetoscópios tradicionais em quatro locais e documentaram os sons adventícios registados, tendo, de seguida, feito a auscultação com recurso a um ‘smartphone’, que foi gravada duas vezes nos mesmos quatro locais.
“A utilização do ‘smartphone’ para a auscultação pulmonar poderá contribuir para detetar precocemente os períodos em que o estado do doente se agrava”, afirma a FMUP, acrescentando que tal permitirá implementar “intervenções oportunas”.
Numa época em que o número de consultas realizadas à distância tem aumentado, esta solução é, segundo os autores do estudo, “muito interessante para a implementação dos serviços de telemedicina na monitorização de doenças respiratórias”, como a asma e fibrose quística.
Nesse sentido, os investigadores desenvolveram uma aplicação, intitulada AIRDOC, para apoiar a monitorização remota dos sons pulmonares nos doentes com doenças respiratórias crónica.
Citada no comunicado, Inês Azevedo, pediatra e professora na FMUP, afirma que a auscultação pulmonar “é essencial na monitorização deste tipo de patologias”. “Acreditamos que pode ser uma tecnologia promissora, tanto para o contexto clínico como para a futura implementação da telemedicina e das consultas remotas, e até mesmo para melhorar a monitorização realizada pelos próprios doentes”, afirma a coordenadora do estudo.
Também citada no comunicado, Cristina Jácome, investigadora da FMUP e do CINTESIS, explica que esta consiste no registo dos “sons pulmonares com um ‘smartdevice’ que depois podem ser classificados por clínicos ou analisados automaticamente com base nas características especificas do sinal”.
Lusa