Termas: milhares pedem reposição de comparticipações tiradas pela ‘troika’

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Retiradas por imposição da troika e dos cortes em Portugal, os utentes das termas querem ver as comparticipações do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para os tratamentos de volta.

Para tal, está a decorrer uma petição – criada pela Associação de Termas de Portugal – que já conta com mais de seis mil subscritores.

Teresa Vieira, presidente da associação – que representa 42 balneários -, recorda que a medida afetou “mais de trinta mil utentes“, que ficaram sem acesso a cuidados termais particularmente recomendados para problemas do foro respiratório, músculo-esquelético e dermatológico. Dentro de todos os termalistas, as crianças foram as mais afetadas por este corte.

Medida terá empurrado doentes para as farmácias

“O fim da comparticipação resultou de imposições da ‘troika’, mas, como as termas e outros especialistas já alertaram na altura, não teve o efeito de poupança pretendido, porque a maioria dos tratamentos termais são para doenças crónicas e o que se verificou foi apenas que a despesa nos balneários foi deslocalizada para outras terapias – porque, se um doente crónico não pode tratar-se nas termas, continuará sempre a ter que tratar-se noutro sítio”, explica Teresa Vieira.

“Isso significa também que os utentes do SNS se viram forçados a trocar um tratamento com águas 100% naturais por terapêuticas que na maioria das vezes envolvem fármacos, com tudo o que isso implica de prejuízo para o nível da qualidade da sua saúde“, acrescenta a mesma responsável em declaraçõ0es à agência Lusa.

Recorde-se que os reembolsos diretos do Estado relativos a despesas com tratamentos de medicina hidrológica foram suspensos em 2011.

Crianças foram as mais penalizadas, diz presidente da associação

A situação será mais grave no caso dos termalistas infantis, que Teresa Vieira diz “cada vez mais sujeitos a alergias e problemas das vias respiratórias“, e se veem agora com acesso limitado a tratamentos termais “cujos efeitos na sua saúde já foram comprovados em toda a linha”.

O regresso das comparticipações do Estado para tratamentos hidrológicos visa também “repor a justiça” para com as estâncias termais que em 2004, após nova legislação sobre a matéria, “fizeram investimentos avultados nos seus estabelecimentos, na expectativa de os recuperarem com um fluxo de utentes a que o SNS veio depois impor um corte significativo“.

Para a presidente da Associação das Termas de Portugal, repor os referidos reembolsos será também uma garantia de “coerência” por parte do Estado, cuja estratégia económica passa por captar consumidores estrangeiros para o Turismo de Saúde e por promover internacionalmente os balneários termais do país como providos de águas terapêuticas de “riqueza excecional”.

“Como as termas só podem funcionar onde esta água fantástica estiver e os balneários empregam recursos muito qualificados, também ajudam a fixar população”, realça Teresa Vieira.

A petição para “Levantamento da suspensão dos reembolsos diretos das despesas com os tratamentos termais dos utentes do SNS” está a ser disponibilizada presencialmente aos aquistas dos 42 balneários afiliados na Associação das Termas de Portugal e também no ‘site’ “Petição Pública”.

População mais empobrecida foi a mais atingida

O documento que serve de base à recolha de assinaturas refere que a suspensão das comparticipações do Estado em tratamentos termais afetou sobretudo a população de mais baixos rendimentos e, entre essa, aquela com residência nas regiões mais interiores do país.

No conjunto de “impactes imediatos e irrecuperáveis” daí resultante inclui-se também “a desvalorização dos tratamentos termais junto dos subsistemas de saúde, da classe médica prescritora e dos consumidores nacionais e estrangeiros”.

Licenciadas pela Direção-Geral de Saúde como entidades prestadoras de atos clínicos e terapêuticos conduzidos por especialistas em Hidrologia Médica com inscrição na Ordem dos Médicos, as 42 estâncias termais que promovem a petição propõem-se entregar as respetivas assinaturas à Assembleia da República em meados de outubro.

CB com Lusa

Imagem de destaque: Termas do Cró