Há uma doença rara que afeta cada vez mais mulheres, entre os 40 e 60 anos. Chama-se Colangite Biliar Primária (CBP), é uma doença crónica do fígado causada por uma reação autoimune e é tão silenciosa que os doentes podem viver até 10 anos com a doença sem identificar os sintomas.
No entanto, tanto mulheres como homens devem estar atentos ao cansaço progressivo, comichões e icterícia, e devem pedir opinião ao médico de família, que normalmente encaminha os doentes para especialistas do fígado. Se não for detetada a tempo, a CBP pode evoluir para fibrose, cirrose, insuficiência hepática e cancro do fígado. Doenças que podem obrigar a um transplante hepático ou levar à morte.
“Apesar de cientificamente ainda não se conseguir explicar bem as causas da doença, acredita-se que estejam relacionados com fatores genéticos, tendendo a haver um agrupamento nas famílias e elevada taxa de concordância em gémeos iguais. É de certa forma como se o fígado deixasse de ser reconhecido, sendo por isso agredido pelo sistema imunitário”, explica ao Delas.pt Helena Cortez-Pinto, especialista em Gastrenterologia e professora da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.
Em Portugal, estima-se que existam entre 500 a 1000 casos de pessoas com esta doença rara. Cerca de 90% são mulheres. Contudo, há uma nova esperança para estes doentes. No final de 2016 foi aprovado um tratamento inovador pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA).
“Permite dar resposta a muitos doentes, sobretudo aos que não conseguiam melhorar com o tratamento existente até aqui, com ácido ursodesoxicólico. Esta evolução, que está ainda a ser alvo de estudos clínicos, poderá vir a representar uma alteração muito positiva e uma esperança na qualidade de vida dos doentes, sendo que há mais de 20 anos que não existiam novidades farmacológicas nesta área”, acrescenta a especialista do Centro Hospitalar Lisboa Norte.