2021 com mais casos de Mutilação Genital Feminina dos últimos quatro anos

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[Fotografia: Pexels/Alex Green]

“Em 2018 foram registados 63 casos de Mutilação Genital Feminina (MGF), 126 em 2019, 99 em 2020 e 138 em 2021”. Dados que referem um aumento da prática de excisão e que foram divulgados esta sexta-feira, 25 de novembro, pela Divisão de Saúde Sexual, Reprodutiva, Infantil e Juvenil da Direção-Geral da Saúde e no mesmo momento em que se assinala o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres.

Para lá do aumento notório face a 2020, mais 39 casos, aquele organismo alerta para o facto de um dos episódios de mutilação feita sobre raparigas e crianças ter “ocorrido em território português” e em 2021. O relatório agora divulgado e com valores acumulados desde 2018 refere que, em média, a realização da mutilação ocorreu aos 8,4 anos de idade, maioritariamente na Guiné-Bissau (272) e Guiné Conacri (126).

De entre as consequências gravosas resultantes da prática, o relatório da DGS revela que foram registadas “complicações em 196 mulheres, entre as quais: 120 relativas à resposta sexual, 120 a complicações do foro psicológico, 113 com consequências obstétricas e 87 com sequelas uro-ginecológicas”.

Em quase metade dos casos (43,4%), a deteção aconteceu “maioritariamente, no âmbito da vigilância da gravidez”. As unidades da Região de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo registaram a quase totalidade dos casos reportados, indica o mesmo relatório.

No global, a DGS indica que desde 2014 foram registados um total de 668 casos de MGF em Portugal, 433 registados entre janeiro de 2018 e dezembro de 2021. A autoridade da saúde indica que, “até 2030, pretende aprofundar o conhecimento sobre o fenómeno da MGF em Portugal, melhorando a qualidade dos registos”. Segundo a UNICEF, pelo menos 200 milhões de adolescentes e mulheres vivas hoje foram submetidas a mutilação genital feminina, em 30 países diferentes