Mais de 12 mil famílias que pediram ajuda à DECO trabalhavam e não tinham perda de rendimentos

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[Fotografia: Pexels/Andrea Piacquadio]

A maioria dos mais de 20 mil pedidos de ajuda que chegaram à Deco até setembro vêm de pessoas que trabalham e não tiveram quebra de rendimento, mas entraram em dificuldade financeira devido à subida dos preços e juros.

“Temos verificado que mais de 60% das famílias [que nos pedem ajuda] estão a trabalhar, não tiveram alteração dos seus rendimentos, foi sim a subida das taxas de juros, do aumento do custo de vida que as leva precisamente a esta situação”, refere responsável do Gabinete de Proteção Financeira (GPF) da Deco, Natália Nunes, notando que o número de pedidos é semelhante ao de anos anteriores (marcados pelo impacto da pandemia e da guerra), mas os motivos são agora diferentes. Contas feitas, dos mais de 20 mil agregados, 12 mil ficaram no limite com fatores externos à sua condição uma vez que continuavam a ter trabalho e a a não registar alteração de rendimentos.

Natália Nunes exemplifica com um dos muitos casos que lhe chegam diariamente por mail, este de uma pessoa que vive sozinha, que tem um rendimento líquido de 1.000 euros mensais e que entrou em outubro sem margem para pagar a prestação do empréstimo da casa, que subiu para os 737 euros este mês – valor que compara com os 378 euros que pagou até 2022 ou com os 491 euros que pagou até setembro.

Esta situação leva a responsável do Gabinete de Proteção Financeira (GPF) da Deco, Natália Nunes, a alertar para a cada vez maior importância de as pessoas constituírem um fundo de emergência, para o qual devem canalizar o que consigam poupar, considerando que este objetivo deve ser uma “prioridade”.

“Agora, a preocupação relativamente ao fundo de emergência ainda se coloca com mais pressão porque não sabemos o que é que 2024 nos vai trazer”, sublinha Natália Nunes, em declarações à Lusa, a propósito do Dia Mundial da Poupança, que hoje se assinala.

“É verdade que os incentivos à poupança praticamente não existem” e que “os desafios [para poupar] são enormes”, mas “para evitar ruturas” e “situações de desequilíbrio orçamental” devido ao aumento do custo de vida ou taxas de juros, “é fundamental termos um fundo de emergência“, precisa.

A coordenadora do GPF refere que, entre janeiro e até ao final de setembro, chegaram cerca de 20 mil pedidos de ajuda por parte de famílias que começam a ter dificuldades em lidar com todas as despesas mensais, sendo que, salienta, “a principal razão que leva as famílias a pedir ajuda este ano está muito centrada na questão do aumento do custo de vida provocado pela inflação e pelo aumento das taxas de juros”.

 

Exemplos que levam a coordenadora do Gabinete de Proteção Financeira da Deco a insistir na necessidade de se fazer alguma poupança com base naquilo que cada um conseguir poupar, por pouco que seja, e depois de alguma análise das despesas para verificar se e onde podem ser cortadas, a par da prática de poupanças de água, energia, nos pacotes de seguros e telecomunicações ou no supermercado — onde entrar com uma lista de compras pode ser uma forma de evitar gastos supérfluos.

“Aquilo que é desejável é que as famílias estabeleçam o objetivo de ter uma poupança e vão todos os meses fazendo esta poupança para conseguirem atingir este objetivo”, refere Natália Nunes, salientando que, apesar dos juros serem baixos, o depósito a prazo (pela facilidade de movimentação que normalmente tem) pode ser uma boa opção para ‘guardar’ este ‘pé de meia’.

Entretanto, para assinalar este Dia Mundial da Poupança, no site da Deco foi criado um espaço chamado “Sobreviver à crise”, com pequenos vídeos e textos sobre finanças pessoais e dicas de poupança, entre outros materiais.

LUSA