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“Ainda se confunde o preservativo com o estar apaixonado”

[Fotografia: Cottonbro/Pexels]

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Mais pílula, menos uso do preservativo. Um indicador que deve servir de alerta no que diz respeito às Infeções Sexualmente Transmissíveis (IST). “Ainda não temos um rastreio organizado das ISTs, o que é muito importante para que possa servir de pressão e para que os próprios médicos tenham acesso a essa informação”, declara Fátima Palma, presidente da Sociedade Portuguesa de Contracepção (SPDC).

“Existe o receio da gravidez, mas negligencia-se o preservativo. Ainda se confunde o preservativo e o não uso com o estar apaixonado, em vez de ser visto como meio de proteção”, acrescenta. “O ideal era que usassem os dois”, pede a presidente da SPDC.

Segundo o estudo Jovens e Educação Sexual: Conhecimentos, Fontes e Recursos, o uso de preservativo na primeira relação sexual é menor hoje em dia do que em 2008. Se naquele ano, 97% dos rapazes inquiridos utilizaram preservativo na sua primeira relação sexual, para evitar uma gravidez indesejada, o número caiu para os 88% em 2021.

Um retrato apresentado em abril, pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa em conjunto com a Associação para o Planeamento da Família e o Centro Lusíada de Investigação em Serviço Social e Investigação Social, e que indicava que quase três em cada dez rapazes (27%) tinham um mau conhecimento sobre contracetivos e ISTs.

Neste inquérito feito a 2300 alunos em quatro dezenas de escolas, com mais de metade a assumir que fazia sexo sem proteção, 55% dos jovens que estão numa relação reconheceram não usar sempre preservativo. Quando o tema foi o de uma eventual gravidez, 59,1% dos adolescentes entrevistados disseram usar a pílula e 24,2% falaram no coito interrompido.

As DSTs ficaram para um segundo plano das preocupações. Mas não podem. O número de infeções continua a disparar e a pílula não protege contra as doenças que se transmitem sexualmente, com grande parte delas a comportar riscos de fertilidade.

A titulo de exemplo, a clamídia aumentou 251% entre 2015 e 2018, de 151 novos casos para 531, e com maior incidência sobre as mulheres. Também em 2018 foram notificados, no Portal da Transparência do SNS, 976 casos de gonorreia, 179 casos de hepatite e 996 casos de sífilis não congénita. Porém, nem todas são de reporte obrigatório. De entre elas, a HPV, já com vacina, mas com alta taxa de prevalência nas mulheres adultas.