Alerta. Bastam 45 minutos para aliciar menor para abuso sexual infantil ‘online’, diz estudo

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[Fotografia: Pexels/Mary Taylor]

Os casos de material de abuso sexual infantil expostos ‘online’ aumentaram 87% desde 2019, com mais 32 milhões de denúncias em todo o mundo, segundo dados do Global Threat Assessement publicados nesta terça-feira, 17 de outubro.

A avaliação sobre ameaças globais, promovida pela WeProtect Global Alliance, refere que as conclusões destacam a “necessidade urgente” de uma resposta “coordenada e multifacetada” para proteger as crianças.

“A exploração e o abuso sexual de crianças ‘online’ em todo o mundo exigem a nossa a atenção e ação neste momento. As novas capacidades tecnológicas agravam ainda mais os riscos existentes (…)”, afirmou o diretor executivo da WeProtect Global Alliance, Iain Drennan. Para Iain Drennan, a segurança das crianças “não deve ser negociável”.

“Para evitar que mais crianças sofram, governos, serviços ‘online’, instituições de caridade e empresas devem redobrar os seus esforços e colaborar para impulsionar a mudança e protegê-los”, reforçou.

De acordo com o relatório, entre 2020 e 2022, as imagens sexuais autocriadas, como ‘selfies’, de crianças entre os sete e os 10 anos aumentaram 360% em todo o mundo.

As conversas com crianças em plataformas de jogos sociais podem evoluir para situações de aliciamento de alto risco em 19 segundos, com um tempo médio de aliciamento de 45 minutos.

O aliciamento ‘online’ – grooming – é uma prática em que um adulto se faz passar por um menor na Internet ou tenta estabelecer o contacto com crianças e adolescentes que dê origem a uma relação de confiança, passando posteriormente à chantagem para fins sexuais.

Nesse sentido, o estudo alerta que os ambientes de jogos sociais que facilitam a interação entre adultos e crianças “aumentam consideravelmente estes riscos”.

Por outro lado, revela um aumento significativo da extorsão sexual financeira, com um aumento de 139 denúncias em 2021 para mais de 10 mil em 2022.

Neste caso, segundo o relatório, os agressores preparam e manipulam crianças para partilharem imagens e vídeos sexuais para depois as extorquir para obter ganhos financeiros.

Muitos atacantes passam-se por raparigas na Internet e têm como alvo rapazes entre os 15 e os 17 anos através das redes sociais, provocando “uma série de casos” de suicídio infantil.

A análise salienta que a Inteligência Artificial (IA) está a agravar os possíveis ataques ou ameaças que as crianças enfrentam na Internet. Desde o início do ano, sustenta, aumentaram os casos de agressores que utilizam IA generativa para criar material de abuso sexual infantil e explorar crianças.

O relatório conclui que a mudança de paradigma “só será possível com maior (…) compromisso de todas as partes envolvidas, em conjunto com o poder e a capacidade de uma legislação madura”.

LUSA