Livro sobre adversários da família e “ideologia de género” vai ser apresentado por Passos Coelho

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[Fotografia: Pexels/Caio]

Bagão Félix é um dos coordenadores do livro Identidade e Família, que vai ser apresentado esta segunda-feira, 8 de abril, pelo antigo primeiro ministro Pedro Passos Coelho e que ataca os novos modelos de sociedade que consideram que estão a destruir a família . “É um bem público. A família, na hipertrofia em que vivemos, é quase sempre sacrificada. No Estado, a família é vista como um sujeito pagador de impostos. No marketing, é vista como uma entidade de consumo. No espetáculo mediático, o que é notícia não é o sucesso da família, mas o seu fracasso”, lamentava Bagão Félix em declarações à TSF.

O antigo ministro do CDS-PP descarta ligações ao momento político e à viragem à direita e extrema-direita em Portugal nas últimas legislativas de 10 de março. Porém, reconhece à TSF que há pontos de contacto. “Há propostas que estão no ideário do novo Governo, como a política fiscal. Considerando uma maior salvaguarda das famílias mais numerosas ou da consignação dos filhos ao nível da tributação”, avança. Mais: a análise da ideologia de género na obra faz ressoar todas as campainhas e os anúncios recentes do Chega de cortes em políticas de igualdade ou as polémicas no recuo ao aborto por deputado do CDS-PP, que, vinque-se, o PSD do recém-eleito chefe de Governo Luis Montenegro já negou. Porém, caberá ao antigo líder social-democrata Pedro Passos Coelho apresentar este livro que surge pela mão do Movimento Ação Ética (MAE) e no qual alertam que em Portugal se tem assistido “a diversas iniciativas legislativas que condicionam e lesam a instituição da família”.

Na introdução do livro Identidade e Família – Entre a consistência da tradição e as exigências da modernidade, o economista António Bagão Félix, o jurista Paulo Otero, o psiquiatra Pedro Afonso e o cardiologista Victor Gil avisam que “a escola pública corre o perigo de se transformar num lugar de doutrinação ideológica”.

Segundo os coordenadores do livro, “ultimamente, posições radicais e mediaticamente potenciadas pretendem desdenhar da instituição familiar, vista até como uma instituição ultrapassada”, com baterias apontadas à “ideologia de género”.

“A ideologia de género não é promotora da liberdade ou acolhedora da diferença, mas impositora de um novo modelo de pensamento único, comprometendo o desenvolvimento humano fundado em valores, formado na liberdade e autonomia e vocacionado para a felicidade”, escrevem os fundadores do MAE.

O livro conta com textos de 22 autores, entre os quais a presidente honorária do Instituto de Apoio à Criança, Manuela Ramalho Eanes, a médica Isabel Galriça Neto, o administrador da Fundação Calouste Gulbenkian, Guilherme D’Oliveira Martins, o ex-líder do CDS-PP, Manuel Monteiro, o presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, Pedro Vaz Patto, ou o cardeal Manuel Clemente.

Os promotores da obra defendem que “a família é a célula básica da sociedade e a primeira e decisiva fonte emergente dos valores humanos”.

“Não há desenvolvimento verdadeiramente humano e qualidade de vida humanizada sem qualidade de família”, advogam, acrescentando que “é imperativo recentrar nela a coesão geracional e densificar o seu papel como espaço privilegiado das chamadas solidariedades naturais, isto é, resultantes da índole gregária das pessoas e não produzidas pela ordem jurídica”.

O MAE foi fundado em 1 de janeiro de 2021, sob a divisa “Vida, Humanismo e Ciência”, com o objetivo de defender “abordagens, reflexões, estudos e contributos em torno das questões éticas atuais, propondo uma ética centrada na pessoa e na valorização da vida humana.

Com LUsa